Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

dezembro 28, 2005

Corpse Bride

Não se esqueçam de ver "Corpse Bride" (ou "A Noiva Cadáver" para os íntimos de Tim Burton). Este moço não deixa de nos surpreender. Bem surpresa, surpresa (e das desagradáveis) foi só mesmo o remake de o "Planeta dos Macacos".



Antes de ver o filme sugiro que passem na "Natura" (a loja do urso) e comprem uma generosa quantidade de bolinhas de cheiro, porque a noiva não tem hábitos de água e/ou desodorizante há algum tempo.

dezembro 16, 2005

King Kong

Ahhhhh afinal também os macacos preferem as loiras!
Eu cá gosto de morenos e não me importo que sejam um bocadinho peludos.
Querido Kong, espera aí um bocadinho que eu já vou ter contigo, tá?

dezembro 15, 2005

Janela Indiscreta - Comandante



Chegou despercebido aos clubes de vídeo, o documentário realizado por Oliver Stone em Cuba, em 2003, onde, numa maratona de 30 horas seguidas, acompanhou e entrevistou o último dos revolucionários, Fidel Castro.

Ideologias à parte é uma oportunidade única para conhecer um pouco mais do homem, para lá da imagem do estadista que todos temos. Aliás, Stone é peremptório em nos apresentar logo de início as regras do jogo: foi-lhe concedida por Fidel, total liberdade para perguntar sobre qualquer assunto, sem nenhuma observação prévia das perguntas, logo, sem qualquer pingo de censura. Ficou no entanto acordado que Fidel poderia a qualquer momento negar-se a responder a alguma questão incómoda ou mesmo dar por terminada a entrevista (segundo Stone, um direito a que nunca viria a recorrer).

Mais do que 100 minutos de perguntas e respostas, somos também levados a conhecer Havana, como se fizéssemos parte da comitiva de Stone, que não larga Castro por um minuto que seja. Visitam-se as universidades, as fábricas de charutos e andamos no carro de Fidel.
E depois...fala-se de tudo: há humor nas curiosidades sobre a barba e nas bebedeiras com Yeltsin e Gorbachev. Há drama sobre o 11 de Setembro e Bush claro, incontornável. E quase chega a haver paixão, no único assunto a que Fidel se esquiva - o único grande amor da sua vida.

Merece sem dúvida o aluguer.

dezembro 13, 2005

Janela Indiscreta - Aeon Flux



E a MTV Films afinal também faz...bons filmes.
E eu que julgava que dali só vinham vómitos de tunning e de rappers pastilha elástica, pra mentecaptos mastigadores industriais de pipocas. Só que, num curto espaço de tempo, já é o segundo MTV Film a deixar-me de boca aberta (o primeiro foi Coach Carter, que aconselho o aluguer imediato em qualquer video clube).

Aeon Flux é a adaptação cinematográfica de uma seríe de animação de culto, com o mesmo nome, que parece que anda a passar tarde e a más horas no próprio canal da MTV Portugal.
Aeon Flux, o filme, é um bocadinho fraquinho porque é a primeira realização de um tal de Karyn Kusama (?!?!) mas acima de tudo porque sofre daquele "efeito Harry Potter", ou seja, quem não conhece bem o universo de Aeon Flux, a seríe animada, anda ali uns bons primeiros 15 ou 20 minutos aos papéis, até digerir aquele ambiente todo (o que foi o meu caso).


A Flux animada

Curso intensivo de Aeon Flux para principiantes: No futuro 99% da população mundial morreu de doença. Os sobreviventes vivem numa única cidade, totalitária, por debaixo de um regime a roçar o fascismo e o Big Brother de Orwell. Aeon Flux é uma assassina profissional, ao serviço dos revolucionários. Antes que me esqueça...Aeon Flux é uma hiper-sexualizada Charlize Theron que vai provocar muitos litros de baba masculina, graças à sua indumentária estilo Dominatrix.

Então, para além da Deusa Charlize, de cabelo negro, insuflada num fato elástico com dois números abaixo, o que mais me deslumbrou...?
A FICÇÃO CIENTÍFICA PURA! Aeon Flux vai buscar o estilo futurista dos grandes clássicos dos anos 70 e passo a enumerar algumas das referências nostálgicas que me pareceram por lá pairar: tem a arquitectura e os cenários de "Rollerball" (o original, de 1975), tem a sociedade elitista de "Logan's Run" e castradora de liberdades de "THX 1138" e tem o design frio e marcial de "Equilibrium" (este já mais pró recente, mas igualmente soberbo).
Isto tudo baralhado resulta num deslumbre visual prós sentidos. Imperdível para fãns de Sci-Fi...e não só! Tal como diz o poster: THE FUTURE IS FLUX

Janela Indiscreta - The Great Raid



Não sei se repararam mas, ultimamente, só me chegam ao DVD filmes que começam com a frase "Inspired by true events". Domino, Coach Carter, The Exorcism of Emily Rose, etc etc.
Ora uma frase destas parece que nos faz ficar imediatamente em estado de alerta, de pupilas dilatadas, a pensar..."espera lá que estes gajos existiram mesmo! Altamente!". Só que depois as expectativas são do Diabo. E por falar no Belzebu, no caso de Emily Rose o carácter "história verídica" até que impressiona e mete respeito (eu por exemplo tive de acabar de o ver à luz do dia, porque aquela porcaria "borra" mesmo!).
Não é o caso deste The Great Raid. História verídica de um famoso resgate de 500 prisioneiros americanos e filipinos de um campo de concentração japonês, na II Guerra Mundial. A operação foi efectuada por um grupo de Rangers - tropas especiais americanas - bem dentro de território inimigo, naquela que ainda hoje é considerada a mais bem sucedida operação de resgate da história militar americana.

E pronto, parece bom não parece? Mas dá sono!

Realiza John Dahl, que achou que para um épico desta envergadura, com 132 minutos de peso, bastava meter o tal Raid nos 15 minutos finais, e até lá, encher o filme com os melodramas dos prisioneiros esqueléticos, mais um romance platónico com uma dedicada enfermeira civil, mais as crueldades nipónicas, mais sei lá o quê.
Só que dá sono, muito sono, porque Joseph Fiennes parece um zombie a fazer de comandante dos prisioneiros cheiinho de malária (que até parece que andou a aspirar linhas de coca no plateau). Benjamin Bratt (o comandante dos Rangers) passa o tempo todo a sussurrar com James Franco (o Harry Osborn de Spider-Man), até porque andam o tempo todo atrás das linhas inimigas e não podem fazer barulho. A tal enfermeira é Connie Nielsen (a senhora de Gladiator) que também fala sempre muito baixinho e com muito cuidadinho pra não ser descoberta pela secreta japonesa.
Ou seja, vale...pelo tal ataque propriamente dito, muitíssimo bem coordenado, original, com pormenores estratégicos bem interessantes. Só que fica a saber a pouco, muito pouco mesmo. Estreia pra semana, dia 15 e deixo à vossa consideração.

dezembro 11, 2005

vaidade minha

Em "A Ilha dos Escravos", Milton Gonçalves é Tesoura, um ex-escravo do Brasil que se estabelece em Cabo Verde
Foto Gita Cerveira/CINEMATE

Milton Gonçalves. Tem uma prosa irresistível e um entusiamo contagiante. Homem de sentido crítico apurado, tem do seu Brasil um conhecimento realista e inconformado. Disseram-me que é o actor mais premiado do mundo, e isso ainda quer dizer alguma coisa. Os prémios contam, caramba. Amei conhecê-lo.

Regresso da Ilha

Desvendo agora o que provocou a minha ausência prolongada da Fábrica. Estive nos bastidores de um filme português "A Ilha dos Escravos", com realização de Francisco Manso (o mesmo de "O Testamento do Sr. Napumoceno"), sobre um tema original no nosso cinema - a escravatura. Os portugueses Diogo Infante, Vitor Norte, João Lagarto e José Eduardo, os brasileiros Milton Gonçalves, Zézé Mota e Vanessa Giácomo, os cabo-verdianos Josina Fortes e Luís Évora, e Ângelo Torres, natural de São Tomé e Príncipe com residência em Portugal, são alguns dos actores que integram o elenco internacional desta longa metragem da produtora portuguesa Cinemate, em co-produção com o Brasil, Cabo Verde e Espanha, que deverá estrear no Outono de 2006, com distribuição da Lusomundo.

O realizador Francisco Manso numa das cenas com a figuração Foto Gita Cerveira/CINEMATE

Diogo Infante na rodagem no Brasil Foto Gita Cerveira/CINEMATE

A história é uma adaptação livre do romance "O Escravo", de 1856, da autoria do português José Evaristo de Alameida, na época desterrado no arquipélago de Cabo Verde. A obra é considerada o primeiro romance cabo-verdiano e narra a história do amor impossível de um escravo pela sua senhora, a típica heroína do período romântico em que a acção decorre. Como base de toda a trama melodramática, a lembrar os filmes de aventuras clássicos de época, está um facto histórico - uma conspiração político-militar, instigada por oficiais portugueses partidários de D. Miguel, exilados em Cabo Verde na sequência da derrota sofrida na guerra civil portuguesa que opôs liberais e miguelistas.

A rodagem que passou pelo Brasil e por Cabo Verde, terminou no mês passado. Daquilo que experienciei e observei registo, para já, uma coisa: Fazer um filme é tarefa árdua. Quando nos sentamos na sala do cinema não imaginamos que durante semanas houve quem se levantasse às quatro da manhã e trabalhasse 16 horas por dia. Não imaginamos que houve quem se desgastasse a fazer contas à película, ao guarda-roupa, às estadias, ao catering, às deslocações, aos carros que transportam o material e os inúmeros profissionais envolvidos. Sim fazer um filme é demasiado caro. Não imaginamos que um simples pormenor como um adereço de época que se partiu e não se encontra igual em lado nenhum pode parar as filmagens durante uma tarde. Não imaginamos o esforço dos actores que muitas vezes têm de filmar uma cena que não estava prevista e ainda assim dar consistência ao personagem que interpretam.

É difícil e é solitário, porque um filme resulta sempre do trabalho de uma grande equipa, mas onde cada um tem a sua função muito bem definida. Ninguém quer falhar, dependendo inevitavelmente do trabalho dos outros. Por isso se discute, por isso se parece estar sempre à beira de um ataque de nervos generalizado. Todos querem fazer o filme da melhor maneira, todos querem que o público goste do que vai ver.

É por isso que agora vejo sempre a ficha técnica até ao fim. Isso é cinema.

dezembro 09, 2005

Janela Indiscreta - X



SÓ EM MAIO?!? PORQUÊ? PORQUÊ?!?!? NÃO AGUENTO!!!

dezembro 05, 2005

Barreira Invisível 11 - Enquanto Estiveres Aí...



Comédia romântica fofinha para quem acredita no amor. E no destino. E já agora... em espíritos também.

Elizabeth (Reese Witherspoon) dedica-se 100% à profissão e 0% à vida amorosa (o que parece preocupar mais os outros do que a ela própria). Após sofrer um acidente, o seu espírito vai conhecer David (Mark Ruffalo) que é o novo inquilino do seu, entretanto vago, apartamento. A disputa territorial será o início da relação e introduzirá o terceiro protagonista deste filme: o apartamento e o seu fantástico terraço.







Longe da química de uma dupla como Meg Ryan/Tom Hanks (pausa para a vénia...) Reese Witherspoon e Mark Ruffalo conseguem um bom resultado, globalmente. Mas falta qualquer coisa neste casal, sei lá, talvez genica, fibra, personalidade... Se por um lado não me custa vê-la neste papel insonso, já a ele custa-me horrores...é que ponho fé no moço e na sua capacidade de interpretar personagens mais complexos. Caramba, é o actor do "In The Cut", do "You Can Count on Me" e do "My Life Without Me" (mesmo neste filme nota-se que tem uma maior capacidade dramática que a protagonista).
Quanto ao argumento, humor e banda sonora ficam todos uns furos abaixo de "Hitch".

Lição principal: somos nós que definimos as nossas prioridades (consciente ou inconscientemente) e é por isso que resistimos tanto quando a vida nos troca as voltas. "Enquanto Estiveres Aí..." é sobre correr na estrada errada, até que finalmente encontramos o caminho certo, aquele que só nós podemos percorrer. É tudo uma questão de sintonia. Das nossas prioridades. Com o nosso destino.

Ah... eu acredito no amor. E no destino também. E no amor como o destino final.

dezembro 02, 2005

Janela Indiscreta - Jarhead



O novo do "nosso" Sam Mendes, que em 1999 deslumbrou com "American Beauty" (já passaram 6 anos?!?!) e só voltaria a filmar em 2002 com "Road to Perdition".
Jarhead está indicado por muita boa gente como possível "Óscarizado". É a primeira visão séria sobre o que se passou verdadeiramente na primeira guerra com o Iraque (aquela que começou por se chamar Desert Shield e veio a acabar em Desert Storm). Ou seja, está para o Iraque como "Platoon" e "Apocalipse Now" estiveram para o Vietnam (numa cena, os Marines assistem inclusivé à sequência dos helicópteros de Coppola ao som das Valquírias de Wagner).
Tem como contra as semelhanças demasiado próximas de..."Full Metal Jacket". Estão lá todas, desde o sargento psicótico aos berros na recruta, até ao exército de marines adolescentes, desta vez geração MTV, num país estranho, sem fazerem a menor ideia do que ali foram fazer, a desidratarem no deserto, impacientes por matarem um inimigo que nuca chegam a ver.
A mim deslumbrou-me o protagonista, Jake Gyllenhaal, completamente transfigurado dos registos sonolentos a que nos habituou (Donnie Darko e The Day After Tomorrow). Tem o meu voto pra melhor actor! Até porque carrega com o filme às costas quase sózinho, unicamente secundado por Jamie Foxx e Peter Sarsgaard (o vilão de Flighplan).
Não tem qualquer mensagem pacifísta mas também não mostra nenhuma batalha com litros de sangue. Mostra sim os segredos e a desorientação total dos chamados "sherifes do mundo" no primeiro conflito pós-Vietnam. Está apontado para 12 de Janeiro e é Imperdível!

Janela Indiscreta - Domino



(Este post é dedicada exclusivamente à camarada Roxanne, por causa do grande Mickey!)

É certinho que este filme vai levar porrada por todos os lados (isto se vier a ser cá exibido, pois nem tem data ainda marcada).
E tudo porque se trata de Tony Scott, tão inconstante como odiado, pelos pseudo-intelectuais do cinema.
Mas secalhar a culpa nem é dele...senão vejamos: Lucy Liu, Christopher Walken, Jacqueline Bisset e o grande Mickey Rourke, em grande forma, a roubar o ecrãn sempre que abre a boca.
Só que a protagonista é...Keira Knightley.
Keira faz um biopic de Domino Harvey, a mais famosa Bounty Hunter americana de sempre. Inglesa de nascença, Domino cresceu em berço de ouro em Beverly Hills e fez de tudo um pouco, desde uma curta carreira de modelo até à de caçadora de prémios. Chegou a envolver-se nas filmagens mas viria a falecer, de overdose, meses antes da estreia.
Quanto ao filme, vem no seguimento do estilo anterior de Tony Scott, o soberbo "Man on Fire". Ou seja, camera a tremer por todos lados, explosões de côr, e filmagens à velocidade hiper-sónica.
Pena mesmo foi meterem aquela escanzelada como protagonista (ela que até já confessou não ter tido tempo para pesquisar a personagem, ou sequer "falar" com a verdadeira Domino enquanto foi viva, por estar demasiado ocupada com a sequela de Piratas das Caraíbas).
Enfim...valha-nos o cada vez mais felicitado regresso de Mickey Rourke.

Janela Indiscreta - Revolver



O último devaneio de Guy Ritchie vai cá chegar a 29 deste mês.
Eu já fui fanático deste gajo, por alturas do "Lock, Stock and Two Smoking Barrels" e do "Snatch", tempos em que o consideraram o Tarantino inglês. Depois...casou com aquela pintacilga, e avariou por completo (o que leva os seus fãns mais acérrimos a considerarem Madona a Yoko Ono do cinema inglês).
Tem os habituais gangsters londrinos, tem novamente Jason Statham como protagonista e até tem Ray Liotta num decalque de "GoodFellas" mas...em quase duas horas de projecção, Ritchie arma-se em David Lynch, sem unhas para o ser. Típico filme Lynchiano do "o que era já não é" e "o que é pode ser um sonho", com muito psicadelismo e muitos ácidos naquela cabeça do realizador.
Salva-se a prestação de André Benjamin (ou André 3000, dos Outkast) que até mostra ter jeito prá coisa.