Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

janeiro 30, 2006

Twins

Não são só os países deles que são irmãos...

Tony Ramos
Marco Horácio

janeiro 27, 2006

Ia-me saltando a Vista...




Eu sei que faz tempo que não apareço por aqui para escrever sobre as minhas andanças pelas salas de cinema. Mas os meus companheiros sabem, melhor que eu, falar sobre o que fomos ver. Eu fico pelas leituras, pelas vossas análises (sempre certeiras) e pelas vossas companhias nos bancos do lado.
Mas este fui ver sem vocês. Sim, sem vocês, no escuro de uma sala, na tentativa de me armar em forte, em pessoa que aguenta um susto sem deitar metade de um pacote de pipocas para cima do vizinho. Confesso, não aguentei e como diria um amigo "sofri dos nervos".
O filme, Saw II, é sobre Jigsaw (um serial killer), doente com cancro, que após ser apanhado pela polícia as suas confissões levam-nos a um jogo de morte e horror. Numa casa estão 8 reféns que terão de jogar diversos jogos relacionados com a vida de cada um na tentativa desesperada de saírem vivos. Com o passar do tempo as vítimas correm perigo de morte e a urgência de sobrevivência mistura-se com violência.
Tão cedo não volto a entrar num quarto sem olhar pela fechadura.

janeiro 26, 2006

Primeira Página - Chris Penn (1965 - 2006)

Só agora faço uma pequena ideia do que sentiu a minha mãe quando soube que Rock Hudson tinha morrido. Lembro-me que ela ficou meio aluada, apática, pensativa, verdadeiramente triste. Ela explicou-me que ele era o seu ídolo, que eram os seus sonhos e fantasias juvenis materializados num actor de cinema, que sempre tinha acompanhado a vida dele à distância e que essa "ligação" se perdia agora com a sua morte.
Na altura achei tudo meio exagerado. Ontem, ao ler a palavra "morte" e o apelido Penn na mesma frase suspendi a respiração e levei a mão à boca.
Depois de passado o susto, ficou a certeza da minha "ligação"...

O irmão mais novo de Sean Penn, o também actor Chris Penn, foi encontrado morto na sua casa no passado dia 24. A polícia de Los Angeles revelou não haver indícios de agressão e que tudo aponta para que a sua morte se deva a causas naturais, pelo que não haverá investigação policial. A família do actor divulgou um comunicado pedindo aos media que respeitassem a sua privacidade neste momento difícil.

Chris Penn iniciou a sua carreira nos anos 80 e um dos seus primeiros filmes foi Rumble Fish de Francis Ford Coppola em 1983. Entrou também em Footloose (1984) e contracenou com o irmão Sean no filme At Close Range - Homens à queima roupa de 1986 (foto abaixo).


Mais recentemente Chris Penn entrou em várias séries de televisão, como Seinfield, Law & Order, Entourage, Everwood e Will & Grace. Os seus filmes incluem Reservoir Dogs, de Quentin Tarantino, Mulholland Falls, After the Sunset e as comédias Starsky and Hutch e Rush Hour. O seu último filme, The Darwin Awards, estava entre os seleccionados do Festival de Sundance deste ano.

janeiro 21, 2006

Match Point (Janela pouco indiscreta)

Woody Allen é, para mim, um daqueles autores/realizadores que me leva sempre na conversa, que é como quem diz, tira-me sempre 5 euros e mais uns trocos da carteira. Mas não o choro mestre, o filme até pode ter só 20 minutos. É verdade que nos últimos tempos a criatividade, o génio de Allen andava um bocadito adormecido, atacado de artrite, mas nem por isso os filmes eram maus, nunca acho que são maus, falo por mim é claro.



Match Point, que ainda não vi mas verei com toda a certeza, deverá ser, a avaliar pelas críticas e pelos traillers, uma espécie de grito do Ipiranga, um virar de costas de W. Allen aos produtores metediços de Hollywood, pouco preocupados com a qualidade do argumento, mas altamente interessados e envolvidos com o retorno das verdinhas (não os censuro completamente, afinal eles não trabalham na Santa Casa da Misericórdia). Como dizem os entendidos nestas coisas de cinema, a receita de pão de ló de Allen já é feita com outros ovos. As filmagens abriram caminho nas águas do oceano Atlântico, os actores ingleses preencheram 50% do elenco, sim porque os outros 50% são puramente americanos, bem representadinhos pela mais recente musa Woodiana: Scarlett Johansson. Até o jazz ficou para trás. Não tarda Allen faz as malinhas e muda-se para a Europa. Até já estou a imaginar as conversas animadas de Allen com o Sr. Manoel de Oliveira, sentadinhos no café da Brasileira, depois das compras na Fnac do Chiado, packs e packs de CSI, 24 Horas, Padrinhos e até o Espaço 1999.

janeiro 14, 2006

Erotismo e a taxa de natalidade

Que a Europa está a envelhecer não é novidade para ninguém. Nascem cada vez menos bebés e os que conseguiram nascer prolongam cada vez mais a sua estadia pelo planeta azul, engordando a olhos vistos a indústria da 3ª idade. Nada tenho contra os que fogem da morte, até porque eu também já me inscrevi nessa maratona, apesar da minha tenra idade. Mas temos que concordar que é um bocadinho assustador esta coisa da taxa da natalidade estar a diminuir. E agora vocês perguntam, e com toda a razão, o que é isso tem a ver com os filmes? Ora pois que tem a ver e muito. Os filmes, e particularmente os que temos vindo a assistir nos últimos tempos, são altamente inibidores do tesão, do sexo, do acasalamento, o que quiserem chamar. Alguém consegue pensar em sexo, antes, durante e depois de ver filmes como “Guerra dos Mundos”, “Narnia”, “King kong” (embora haja fantasias para todos os gostos), ou então, insípidas e/ou inocentes comédias românticas. O mundo está ávido de filmes como “Nove semanas e meia”, “Orquídea Selvagem” e esse clássico do erotismo “ O último Tango em Paris”, com o fabuloso Marlon Brando. Se Hollywood aceitar o desafio, vai haver muitas barriguinhas a exibirem-se ao sol no próximo Verão.


P.S. Atenção que isto não significa que os portugueses não sejam uns garanhões e as mulheres portuguesas umas loucas na cama. A questão é que desse encontro desenfreado de corpos resultam cada vez menos bebés. Não há fecundidade que resista.

janeiro 05, 2006

shopgirl

Neste início de ano, em que ainda estava a fazer o balanço emocional de 2005, ShopGirl foi uma boa surpresa.
Um filme que aconselho àqueles que jogam à defesa de si mesmo; àqueles que não desistem e se expõem de peito aberto e finalmente àqueles que não fazem nem uma coisa nem outra, simplesmente dão a mão ao destino e deixam-se levar sem oferecer resistência.
Um destes três há de ser a vossa luva.
Depois basta decidir se querem amar agora ou amar sempre.

janeiro 01, 2006

... e acção

Na última noite do ano senti-me como num filme, que podia ser de comédia, que podia ser sobre amizade, sobre reencontros, sobre gargalhadas (tão boas que elas são).
Juntamo-nos 12 (seis damas e seis cavalheiros, como ouvi algém dizer durante a noite) e um anjo, a que não faltava o sorriso doce e os caracóis louros. Os companheiros "Lumière" estavam lá e outros amigos também. Quase me senti uma estrela, quase me vi sentada num camarim, a olhar o espelho brilhante de luz, um reflexo dos deuses, coberta de pó de arroz, com o frio na barriga duma noite de estreia. Outro filme vai começar, esse o de 2006, já se ouve a contagem decrescente... 5, 4, 3, 2, 1. Sinto-o sempre tão intensamente, como se o mundo fosse acabar, como se a coragem de viver outra vida que não a nossa só existisse naquele momento tão efémero, em que o tempo ganha mais um ano, em que rebenta o fogo de artífício, em que olho com lamechice aguda os meus amigos e gosto tanto deles.



Agora já podem apagar as luzes, já acabou a brincadeira, posso tirar a pintura, as plumas, os sapatos que me matam os pés, o vestido cor de prata que já perdeu alguns brilhantes e agradecer em jeito de oração improvisada a noite de glamour.