Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

fevereiro 12, 2005

memória?

Entendo os filmes como se livros fossem. Objectos do toque, em que nas linhas imaginárias de uma emoção mais forte, se apontam naquilo que fomos, mas que nunca soubemos dizer. Com os meus filmes também é assim. No tempo de “O Amante” (1992) de Jean-Jacques Annaud, descobria eu que o corpo era forte e que os medos eram fabricações de uma adolescência. Era o tempo de um Annaud paciente, da pele molhada pelo calor dos desejos, à procura da ponta dos dedos. E nas margens da cena em que Marguerite (Jane March) se entrega ao homem chinês (Tony Leung), escrevi que não amava a pessoa com quem descobri o prazer. Tenho anotado que essa pessoa (que nunca mais vi) esperou por mim, desesperou por mim, depois do dia em que desliguei o telefone, por não me interessar mais. Não esqueço o barulho da cidade que acompanha os ritos brancos dos amantes reinventados por Marguerite Duras, nem esqueço as horas em que descobri o corpo nu, o meu. Também Duras experimentou assim. Quantas vezes desnudou as palavras para dizer que se ama sem se sentir?

9 Comments:

At 2:49 da manhã, Blogger Paz Kardo said...

Que post tão iluminado! Começaram muito bem este filme... Adivinho sucesso por estas bandas.

Saudações Nómadas Iluminadas...

 
At 11:49 da tarde, Blogger Paz Kardo said...

Publicidade gratuíta no meu último post no http://nomadasperdidos.blogspot.com ? Não!!! É mais uma forma de reconhecimento pela admiração que tenho por este blog... Saudações Nómadas...

 
At 5:30 da manhã, Blogger g. said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 5:32 da manhã, Blogger g. said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 5:35 da manhã, Blogger g. said...

"Vais pensar que fui eu que te escolhi. Eu. Tu. Tu que és a cada instante o todo de ti mesmo em relação a mim, e é assim seja o que for que fizeres, para mais longe ou perto que estejas da minha esperança.
...
Ao mesmo tempo que eu já não te amo não amo mais nada, nada, só a ti, ainda. Já não te amo como no primeiro dia. Já não te amo."

Marguerite Duras, in Textos Secretos
...

estes "textos secretos" percorreram km dentro de mim até que numa tarde de verão, entre o mar e as gaivotas, descobri que não valia a pena amar. o amor é uma ilusão na tela, nos tablóides, nas palavras dos poetas.

 
At 5:39 da manhã, Blogger g. said...

risos... parece q à 3ª é de vez!!! desculpa os soluços, não sei o q se passou mas isto bloqueou

 
At 8:22 da manhã, Blogger Unknown said...

Clap, clap, clap.
Um começo verdadeiramente profundo.
Os meus parabéns.

 
At 5:35 da tarde, Blogger Lolita said...

Parabéns! Agora só falta ser iluminada para inaugurar o Blogue com um post que alguém leia! eheheh!!
Eu acho que sou boa é para as noites de quarta...chá de menta e má língua!

 
At 5:45 da tarde, Blogger maldito cinema said...

Vá lá! Os suspeitos do costume nada escrevem... bem vou ter de continuar a fazer post's à ESPERA das mentes brilhantes... Gostaram?Sobre as iluminações... são raras, mas thanks pelos raios de sol pessoal. Será que posso escrever sobre os sapatos vermelhos da Dorothy, género intimista? Hei... saudações nómadas para aí tb!

 

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