Amor de Perdição 1
Celebração?
Iludiram-me os deuses quando me deram o filme “África Minha” (1985). Não era esta a história que tinha escolhido para mim. Mas meu tempo deu espaço ao enorme infinito do mágico continente e definiu o tom. Os acordes de um canto de violinos levaram-me ao calor único de uma noite despida, de um suor destemido. Na cena mais feminina do filme, Karen (Meryl Streep) luta com uma leoa esfomeada no escuro da noite. O sangue que escorre do pescoço da vítima é como desejo escondido de um beijo perdido. Mas meu.
Eu estou por lá, entre o capim alto e o cheiro da terra, a lua clara e a vontade de querer. Serei sempre névoa quente de uma madrugada escolhida. Eu sei, ela sabe. Que o amor não existe, que a paixão não se diz. E a paisagem escondida dentro de mim, encontrei-a no dia em que senti África. Amar África é dizer para sempre e guardar a solidão numa estrada sem fim, numa folha fresca de palmeira, num beijo molhado de marfim. Afinal, ser de alguém é apenas um empréstimo e o desafio maior é secreto. Os flamingos que por lá encontrei tinham sorrisos de mel e chamas de azul. “África Minha” é a minha sepultura de um dia, no cimo daquela colina de onde meu sol, meu leão rugiu por mim. Celebrate with champange. Like my Karen. Happy Valentine’s Day.
“I need to know how to think about this”
1 Comments:
Para ti que és a "África minha":
Penso África, sinto África,
digo África
Odeio em África
Amo África
Estou em África
Eu também sou África.
de:António Jacinto
(Sobreviver) p.71)
bjo gd
continuem.
BT
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