Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

fevereiro 26, 2005

Janela Indiscreta 3



Hoje começo pela respectiva ordem de estreia nesta nossa cubata à beira mar plantada:

SAW - 3 de Março

Vou-me perder a escrever de modo a tentar convencer-vos a verem este filme. Como começar...?
Eu sou gajo: adoro terror, sangue, membros decepados, etc. Consigo admitir que esse tipo de filmes apenas me divertem, SALVO...duas ou três excepções, que ficaram marcadas e que penso que em vocês também: The Ring (cheguei a casa com medo que tocasse o telefone), Seven e Silence of the Lambs. Porque é que me dei ao trabalho de gastar caracteres com os meus gostos? Muito bem, precisamente porque Saw é "só"...um cruzamento de Seven (três vezes mais macabro) com Silence of the Lambs (3 vezes mais perturbante e com uma ou duas piscadelas de olho ao Dr. Hannibal). É a estreia de James Wan na realização; gente conhecida só tem mesmo o Danny "Arma Mortífera" Glover (e nem sequer é protagonista); está neste momento no Fantas (vai limpar aquilo tudo de certeza) e chega cá esta semana.
Começa com dois desconhecidos que acordam, meio amnésicos, acorrentados pelo tornozelo numa casa de banho imunda em ruínas. Foram vítimas do psicopata de serviço que lhes deixou várias pistas e duas saídas: o que matar o outro, saí em liberdade; senão, têm ao dispor duas pequenas serras para...se derem de facto valor à vida, serrarem os respectivos tornozelos. Aviso que não há terror gratuito, não há litros de sangue, há sim, à semelhança de Seven, a visualização de mais meia dúzia de jogos sádico/macabros que nos dão o célebre "murro no estômago" e que deixam os de Seven a um canto! O meu favorito: Uma moçoila com uma armadilha de ursos encaixada no maxilar. Quando um cronómetro chegar ao fim, a armadilha em vez de se fechar vai-se abrir, dividindo-lhe a cabeça em duas. A chave para o cadeado deste engenho está no estômago dum indivíduo em frente dela, consciente mas paralisado. Ah...ela tem uma faca! Digam lá...vocês abriam o estômago do gajo à procura? A Premissa: "Quanto é que estás verdadeiramente disposto a sangrar?"
Veredicto: Pesado, sádico, mas senta-nos na cadeira com aquele chapadão de querer ver tudo até ao fim a engolir em seco. Está para lá de imperdível.


The Assassination of Richard Nixon - 24 de Março

E de repente, a menos de um mês, irá aparecer-nos o mais bem guardado segredo do óscarizado melhor actor de 2003. Atão não é que o Sean Penn tornou a fazer um filme com a Naomi "Deusa" Watts?!?! E a malta fanática do 21 Grams não sabia de nada??? Enfim...o Ex da Madonna está para a interpretação como o Clint está para a realização. Este homem, simplesmente, nunca mais conseguirá fazer um filme mau! Todos sabemos que Nixon nunca foi assassinado, mas o filme diz ser inspirado num caso real. É outra estreia na realização, neste caso de Niels Mueller e trata-se da desilusão do sonho americano, muitíssimo parecido com o já velhinho Falling Down, lembram-se? (Michael Douglas, paranóico, abandonado pela mulher, desempregado, passa-se da bolha numa auto-estrada e desata aos tiros por L.A.?) Pois bem, Penn foi abandonado pela Naomi (de longos cabelos NEGROS!) e não aceita esse facto. O pai ensinou-lhe os deveres morais da honestidade, o que o faz morrer aos poucos, sempre que tem de mentir aos clientes no seu reles emprego de vendedor de móveis. O seu único amigo é Don Cheadle, na pele de um mecânico de automóveis, negro, ainda a sentir o racismo dos anos 70. Ao mesmo tempo, na televisão, Nixon mente todos os dias aos americanos (estamos no seu segundo mandato, o Vietnam está ao rubro e o presidente continua a enganar as pessoas). E depois...bem, depois são 90 minutos do mais deprimente que há, em que o céu "cai definitivamente na cabeça" de Sean Penn. O título diz tudo: depois de levar tanta porrada do sistema, e com a televisão como única companhia, ele planeia assassinar Nixon (o plano mete avião a despenhar-se na casa branca, o que deverá ter suscitado reacções interessantes nos EUA pós 11 de Setembro). Merece ser visto? Para amantes da interpretação pura...sim! Penn transfigura-se, com alguns tiques do também seu I Am Sam, mas sem entrar na demência. No final torna-se um farrapo, miserável, sem saída, o que poderá muito bem arrancar uma lagrimazita às gajas mais influenciáveis. Deverá, com certeza, entrar nos próximos óscares e, se acharam que o Penn de 21 Grams foi superior ao de Mystic River, então vejam este. E depois digam-me se a próxima estatueta de melhor actor não está já reservada novamente para este senhor.

E prá semana há mais...do mesmo (o novo de Denis Quaid e uma comédia existencial com mais estrelas que Ocean's Eleven). Esperem por ela!
P.S.: Os "gajos" tomaram definitivamente conta da Fábrica! Asdrubal! Irmão! Homens ao poder!

1 Comments:

At 3:07 da tarde, Blogger g. said...

(risos) e se o telefone tivesse tocado???

 

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