Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

março 01, 2005

O Prémio 2

Carta a Martin Scorsese

Meu caro Marty,

O primeiro filme teu que vi é talvez o mais improvável, «A cor do dinheiro» (1986). Nessa altura o que me levava ao cinema não era propriamente o mesmo que nos dias que correm. A paixoneta de adolescente que tinha pelo Tom Cruise e a admiração pelo «velhote» Paul Newman, cujos olhos azuis ainda faziam suspirar uma rapariguinha de tenra idade, foram as razões que me levaram então à sala de cinema. Não sabia eu quem estava por detrás de tudo aquilo, e para ser sincera na altura também não me interessava.

Não muito tempo depois, o interesse pelo cinema começou a revestir-se de outras formas, a precepção desse mundo tornou-se diferente.
Foi então que comecei a admirar o teu trabalho, a forma única que tens de retratar os sentimentos, de misturar as cores, os sons, a crueza da vida, bem como a sua ternura...
O segundo filme teu que vi foi o «Touro enraivecido» (1980) e desde então não mais parei. Seguiram-se: «Taxi driver» (1976), «New York, New York» (1977), «A última tentação de Cristo» (1988), «Alice doesn't live here anymore» (1974), «Tudo bons rapazes» (1990), «O Cabo do medo» (1991), «A idade da inocência» (1993), «Kundun» (1997), «Por um fio» (1999) e «Gangs de Nova Yorque» (2002). Confesso que ainda não vi «O aviador», mas tendo em conta opiniões que considero abalizadas não é um dos teus melhores filmes.

Em 2002, a noite dos óscares foi inglória para o «Gangs de Nova Yorque», como já tinha sido outras vezes para filmes por ti realizados. Esta 77ª noite dos Óscares não fugiu à regra.
Lamento, lamento que a Academia não tenha estado à altura da tua obra, do teu talento, da tua humildade, do teu trabalho.

Espero sinceramente que o Óscar para melhor realizador vá um dia parar às tuas mãos, porque para ti parece ser importante. Para mim, enquanto admiradora do teu trabalho não é importante. O importante é continues a dar-nos horas e horas de encantamento, que quando nos sentemos no escuro da sala de cinema nos ofereças o mundo como só tu o sabes fazer.

Um tímido abraço da Amélie

Nota: Um dia destes escreverei sobre os filmes do Marty que mais me marcaram

3 Comments:

At 2:51 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Apoiado. Há que respeitar os cabelos que deviam ser brancos do tio Marty.

 
At 4:51 da tarde, Blogger Paulo Rodrigues said...

Cara Amélie,

Manda o bom senso que os gostos pessoais, tendo razões que a razão desconhece, sejam respeitados.
Só lamento que a admiração e o reconhecimento recaia sempre sobre os "senhores" de Hollywood.
Onde estão as palavrinhas de aconchego, mesmo que poucas, à magnífica "Manhã Submersa" do Lauro António ou ao "Rei das Berlengas" do Artur Semedo ou mesmo ao Lino Ferreira com o seu "Rapto de uma actriz".
A obra e a dedicação destes Senhores, sem holofotes nem Óscares, exigem-nos no mínimo algum respeito.
Cordiais cumprimentos
O Elefante Amarelo

 
At 8:48 da tarde, Blogger Roxanne said...

Martin Scorsese brevemente na rubrica Feiticeiro de Oz...
Partilho o teu gosto pelo trabalho e sensibilidade deste senhor, e se injustamente nunca chegar a receber um Oscar ficará na companhia de génios como Hitchcock.

 

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