Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

maio 11, 2005

Uma canção de amor


A Love song for Bobby Long, no título original, é um drama que me fez sorrir.
Tão miseráveis que nós somos e tão sublimes que conseguimos ser. A imperfeição humana em forma de filme. Nele, a queda no fundo do poço, a excentricidade, a ambiguidade dos sentimentos, os excessos a que nos damos, a tristeza e a infelicidade como arma, a amizade muleta, o amor combalido, são indolentes como as canções de Nova Orleãs e pegajosos como o Verão do Sul da América; Soam românticos e dificilmente se ignoram ou se conseguem deixar para trás.

A personagem soberbamente interpretada por Scarlett Johansson é a outsider que resolve não abandonar um quadro aparente e convincentemente decadente, composto por John Travolta e Gabriel Macht, dois alcoólicos, fumadores compulsivos, que comunicam por diálogos e citações de alguns dos autores maiores da literatura norte-americana. O elo de ligação reside em 'Lorraine', a mãe de 'Purslane (Scarlett), cuja morte leva a jovem filha, que mal a conheceu, a reunir-se ao duo de vencidos da vida.

Parece um tradicional triângulo amoroso, mas não é. É um triângulo sim, amoroso também, mas apenas no sentido em que o sentimento cresce como uma erva daninha. Canção, poesia ou sedução contida, o amor aqui é essencialmente a forma primeira de sobrevivência, que entre um trago de álcool e um passa, assegura a respiração de três criaturas que se tornam comovedoramente numa família.

Travolta fixa-nos ao ecrã e alcança-nos com a imensidão do seu olhar e do seu sorriso a um tempo triste e sedutor. Scarlett continua a percorrer o seu caminho de diva. Distante, rouca, altiva, sensível. Gabriel, que não sei onde tem andado, que nunca lhe tinha posto a vista em cima, equilibra-se muito bem entre os dois, sem ser ofuscado e emprestando com singularidade brilho a um trio excelente.

1 Comments:

At 6:41 da tarde, Blogger Roxanne said...

Se um drama tem "Love" no título eu já devia ter ido a correr vê-lo
:-)
Agora a sério, adorei o post e vou seguir o teu conselho. Beijinho

 

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