Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

fevereiro 15, 2005

E Tudo o Vento Levou 1



Funny Girl (1968)

Funny Girl é o musical que conta a vida da cantora e comediante Fanny Brice, interpretada por Barbra Streisand (embora para mim seja difícil separar uma da outra, ficando quase sempre com a sensação que Fanny é Barbra, antes de Barbra ser Fanny).
Fanny Brice é uma miúda judia, talentosa, obstinada e com uma certeza: que a beleza não é o seu forte mas o sentido de humor sim.
Apesar das vozes à sua volta dizerem que o palco pode não ter lugar para ela (If A Girl Isn't Pretty), Fanny insiste e consegue o seu primeiro emprego, onde no meio de um número desastrado chama a atenção do público e depois encanta a solo, garantindo assim o seu lugar na companhia.
Essa é também a noite em que conhece Nick Arnstein (Omar Sharif), um bem vestido e charmoso cavalheiro que a vai cumprimentar depois do espectáculo. Mais uma vez, o patinho feio sabe que só pode ser cisne através do humor e é assim que o encanta quando este a convida para jantar:
- "Eu posso esperar enquanto te mudas."
- "Eu teria que mudar muito, ninguém conseguiria esperar tanto."


Meses depois consegue o almejado lugar nas "Ziegfeld Follies" e na noite de estreia desafia a autoridade do realizador alterando subtilmente o seu número e usando o humor para que riam "com ela" e não "dela", como explica a Florenz Ziegfeld depois de "His Love Makes Me Beautiful".
Encontra-se pela segunda vez com Nick Arnstein e jantam juntos no café da mãe dela, onde os amigos do bairro lhe prepararam uma festa. É no fim dessa noite que acontece um dos momentos altos do filme, com Barbra a cantar (de um modo que só ela consegue) o já clássico "People" na rua deserta, simbolicamente indicando o início da vida adulta de Fanny.

A história de Fanny fora dos palcos é uma história de decisões difíceis e solitárias, onde ela recorre à mesma força interior que demonstrou ter no início da carreira. Primeiro para não deixar escapar o amor da sua vida. Depois para manter de pé o casamento. E por fim para conseguir deixá-lo ir quando ambos reconhecem silenciosamente que apesar do amor que os une, já só causam dor um ao outro.

Emociona-me a cena da despedida, que é uma das minhas despedidas favoritas do cinema, seguida de uma arrepiante interpretação do tema "My Man". O último número musical do filme foi gravado ao vivo para mostrar todo o potencial dramático de Barbra Streisand, e mostra.

Pela miúda do nariz grande, que não é bonita mas é mais divertida que as outras, pela história de amor e pelo pedido de casamento original, pela beleza das canções na letra e na música, pelo enorme talento da protagonista como cantora e actriz, por tudo isto Funny Girl faz parte de mim, como faz tudo aquilo que nos marca.

3 Comments:

At 8:32 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Eu não acho que a Barbra seja feia... Os homens têm um conceito de beleza diferente do que às vezes vocês, mulheres, pensam. Se gostas do Funny Girl deves ser bem bonita, por sinal.

 
At 8:34 da tarde, Blogger AS said...

Ora aqui está um homem inteligente, por sinal! ;)

 
At 12:35 da tarde, Blogger Roxanne said...

Eu também não acho a Barbra feia, o que não equivale a dizer que ela é bonita, mas antes que se torna bonita graças a outras características. Ah, eu gosto muito mesmo do Funny Girl... ;-)

 

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