E Tudo o Vento Levou 1
Funny Girl (1968)
Funny Girl é o musical que conta a vida da cantora e comediante Fanny Brice, interpretada por Barbra Streisand (embora para mim seja difícil separar uma da outra, ficando quase sempre com a sensação que Fanny é Barbra, antes de Barbra ser Fanny).
Fanny Brice é uma miúda judia, talentosa, obstinada e com uma certeza: que a beleza não é o seu forte mas o sentido de humor sim.
Apesar das vozes à sua volta dizerem que o palco pode não ter lugar para ela (If A Girl Isn't Pretty), Fanny insiste e consegue o seu primeiro emprego, onde no meio de um número desastrado chama a atenção do público e depois encanta a solo, garantindo assim o seu lugar na companhia.
Essa é também a noite em que conhece Nick Arnstein (Omar Sharif), um bem vestido e charmoso cavalheiro que a vai cumprimentar depois do espectáculo. Mais uma vez, o patinho feio sabe que só pode ser cisne através do humor e é assim que o encanta quando este a convida para jantar:
- "Eu posso esperar enquanto te mudas."
- "Eu teria que mudar muito, ninguém conseguiria esperar tanto."
Meses depois consegue o almejado lugar nas "Ziegfeld Follies" e na noite de estreia desafia a autoridade do realizador alterando subtilmente o seu número e usando o humor para que riam "com ela" e não "dela", como explica a Florenz Ziegfeld depois de "His Love Makes Me Beautiful".
Encontra-se pela segunda vez com Nick Arnstein e jantam juntos no café da mãe dela, onde os amigos do bairro lhe prepararam uma festa. É no fim dessa noite que acontece um dos momentos altos do filme, com Barbra a cantar (de um modo que só ela consegue) o já clássico "People" na rua deserta, simbolicamente indicando o início da vida adulta de Fanny.
A história de Fanny fora dos palcos é uma história de decisões difíceis e solitárias, onde ela recorre à mesma força interior que demonstrou ter no início da carreira. Primeiro para não deixar escapar o amor da sua vida. Depois para manter de pé o casamento. E por fim para conseguir deixá-lo ir quando ambos reconhecem silenciosamente que apesar do amor que os une, já só causam dor um ao outro.
Emociona-me a cena da despedida, que é uma das minhas despedidas favoritas do cinema, seguida de uma arrepiante interpretação do tema "My Man". O último número musical do filme foi gravado ao vivo para mostrar todo o potencial dramático de Barbra Streisand, e mostra.
Pela miúda do nariz grande, que não é bonita mas é mais divertida que as outras, pela história de amor e pelo pedido de casamento original, pela beleza das canções na letra e na música, pelo enorme talento da protagonista como cantora e actriz, por tudo isto Funny Girl faz parte de mim, como faz tudo aquilo que nos marca.
3 Comments:
Eu não acho que a Barbra seja feia... Os homens têm um conceito de beleza diferente do que às vezes vocês, mulheres, pensam. Se gostas do Funny Girl deves ser bem bonita, por sinal.
Ora aqui está um homem inteligente, por sinal! ;)
Eu também não acho a Barbra feia, o que não equivale a dizer que ela é bonita, mas antes que se torna bonita graças a outras características. Ah, eu gosto muito mesmo do Funny Girl... ;-)
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