Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

março 07, 2005

E Tudo o Vento Levou 3



The Right Stuff - 1983 / Once Upon a Time in America - 1984


A Fnac tem destas coisas. Um gajo estoira lá uns bons 10% do ordenado, logo depois de receber, e juramos a pé juntos fugir daquele lugar demoníaco durante todo o mês seguinte. O pior é ter de ir fazer aquelas compras de última hora ao Jumbo...que fica estrategicamente perto da Fnac...e depois é o bichinho dos DVD's a doer...enfim! Pra resumir, estes espertalhões têm um prazer sádico em nos acenar com edições especiais de dois discos, por uns números redondos de 11/12 euritos. Eu bem que ainda resisti uma vez...mas foi inútil.
Edições comemorativas dos 20 anos de The Right Stuff (com extras gulosos que nunca mais acabam) e de Once Upon a Time in America (um mísero documentário de extra, compensado com os 220 minutos originais de filme, nunca vistos na íntegra).

E já passaram 20 anos. É isto que me dói ao rever Os Eleitos. E mesmo assim até parece que foi à mais tempo.
Estava-se em 1983, eu e o resto do "gang" tínhamos todos 13 aninhos. Naquela típica fase do "um por todos e todos por um", tínhamos liberdade para sair à noite, o mais tardar até às 23 e picos. Entrámos na velhinha Incrível Almadense (hoje uma discoteca rasca) sem a menor ideia do que íamos ver, a não ser que era um filme de astronautas (escusado será dizer que desde tenra infância que as profissões de sonho de qualquer puto sempre foram, por ordem de magnitude: 1º Astronauta; 2º Polícia; 3º Bombeiro).
Nos velhos tempos em que os cinemas faziam intervalo, somando à grandeza épica do filme, toca a 1 da manhã e ainda nós estamos a vibrar com um tal de Chuck Yeagger (Sam Sheppard) a quebrar a barreira do som. As mães, essas, desesperavam, telefonavam umas às outras e tentavam obrigar os pais a correrem para a rua à nossa procura. Mil explicações depois, tenho a sensação que até hoje, nunca acreditaram verdadeiramente que nos atrasámos por causa daquele grande filme. O Ed Harris, já sem cabelo mas tão novinho. O Dennis Quaid, tão puto...e aqueles fatos magníficos e os foguetões. Venham mais vinte anos, que eu prometo lembrar-me outra vez.

Já o Era uma Vez na América, que é de 1984, devo-o ter visto logo no ano seguinte. Que foi a uma matiné, sózinho, isso lembro-me perfeitamente. Devo ter tido aulas só de manhã, não sei...
Sei que, agora que ponho os discos no DVD da sala, 20 anos depois, fico finalmente com duas certezas: Para mim, este filme sempre ficou à frente dos Padrinhos todos, em matéria de gangsters. Só agora, tantos anos depois, consegui compreender a história por ele narrada, no seu todo, tal como Sergio Leone a idealizou na altura, ou seja, com 3 horas e 40 minutos de filme!
Mas tiro outras conclusões divertidas...tais como o reencontro com um James Woods, em início de carreira, um "animal de palco" que abafa completamente um De Niro que, à data, já merecia honras de protagonista. No documentário vejo o Tarantino a confessar-se fã fanático deste tal Sérgio Leone, um homenzinho imensamente gordo, de cabelos e barba branca, com aspecto simpático de Pai Natal, que viria a falecer no fim desses anos 80. De repente associo-o à trilogia dos dólares, ao Clint, aos charutos, aos cowboys nos desertos espanhóis, às musicas lindas do Ennio Morricone.

Há 20 anos atrás, The Right Stuff ganhou 4 óscares e perdeu a estatueta de melhor filme para Laços de Ternura (Laços do quê...?!?!). No ano seguinte ganharia Amadeus, e Once Upon a Time in America era totalmente desprezado, sem uma única nomeação. Os cortes de fita brutais, impostos pelo estudio, reduziram os 220 minutos de Leone para 140, deixando-o uma manta de retalhos sem nexo. Com isto, perderia também Morricone, que assinou a sua melhor banda sonora de sempre. No documentário do 2º disco, James Coburn descreve-nos a última vez que esteve com Leone, num café em Roma. Leone, abatido e amargurado desabafou assim: "eles assassinaram o meu filme, James...cortaram-no aos bocados". Coburn responde-lhe: "monta-o tu próprio, Sergio, monta-o outra vez".

5 Comments:

At 9:39 da manhã, Blogger Ana Pinto Martinho said...

Dois filmes fantásticos!!!

 
At 12:24 da tarde, Blogger Mário said...

vai a correr ao Media Market comprá-los :)
custam menos 1 euro que na Fnac (chulos)

 
At 7:45 da tarde, Blogger Roxanne said...

Mário!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O filme é Laços de Ternura e mereceu bem o Oscar de melhor filme...ai,ai,ai o menino! :-)
Gostei do texto, pelo menos não sou a única a vagear saudosamente pela adolescência...ih ih ih
Beijinho

 
At 7:46 da tarde, Blogger Roxanne said...

Viva os anos 80!!!!

 
At 2:07 da manhã, Blogger Mário said...

'Biba!

 

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