Barreira Invisível 6 - Espanglês
Depois de ver Espanglês fica a pergunta:
Deverá a identidade colectiva/cultural sobrepor-se à individual?
Não. Esta é desde já a minha resposta.
Apesar de sermos o que o meio físico e cultural nos fez, a identidade mínima obrigatória é o eu.
Eu, tu e ele... O nós é um segundo patamar, cujo plural não deve dissolver a singularidade de cada homem. O que cada um faz com as suas origens geográficas e com as tradições do seu povo é o que nos torna únicos.
Neste sentido, Espanglês é um belíssimo filme com um final triste. Quando digo triste não é por a rapariga (Paz Vega) não ter ficado com o rapaz (Adam Sandler). Nada disso (embora tivesse preferido que sim...). É por essa mesma rapariga ter obrigado a filha a ser como ela, em nome de uma identidade que não quer ver dissolver-se nos valores da sociedade americana. Talvez por isso eu perceba tão bem as motivações da outra rapariga na estória (Téa Leoni, casada com a personagem de Adam Sandler).
À parte esta questão, que poucos ou nenhuns créditos lhe retira, Espanglês tem personagens ricas, interpretadas à flor da pele, por actores que se atiram do ecrã para os nossos sentidos sem rede. Até os clichés como “empregada pobre mexicana conhece senhores ricos americanos” são desmontados com o tipo de humor que nos faz bem – aquele em que se ri por entre lágrimas.
Comovi-me. Muito.
Nota1:
Não há nenhuma personagem má neste filme. São todas tão exuberantemente humanas que nos fazem acreditar que nós, com todas as limitações e pecados, ainda somos a melhor espécie ao cimo da terra.
Nota2:
Não as cito aqui porque exorto a comunidade leitora desta Fábrica a ir ver Espanglês, mas existem pelo menos duas mãos cheias de falas que podem entrar para a “caderneta de pensamentos” a reter dos diálogos cinéfilos.
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