Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

abril 25, 2005

Janela Indiscreta 16



Sin City - Cidade do Pecado

É o novo filme de Robert Rodriguez, o discípulo favorito de Quentin Tarantino, a redimir-se da palhaçada que foi Once Upon in Time in Mexico.

Vai ser o Diabo caracterizar este filme, por isso, antecipo-me à mais que previsível reacção de todos os críticos intelectualoides da nossa praça (allô Público!): NÃO É UMA CÓPIA BARATA DE KILL BILL NEM PULP FICTION! É sim, o aluno a superar o mestre, num filme que irá ser recordado como "A VIRAGEM", no formato do cinema convencional.

São três histórias, todas se cruzam, o sangue jorra aos litros mas...Frank Miller é co-realizador. É este pormenor que o distingue. Tarantino quis fazer uma BD num filme (Kill Bill), Rodriguez fez um filme de uma BD. E não foi de uma BD qualquer. Atirou-se a uma das obras-primas de Miller (um Deus prós amantes dos quadradinhos) e exigiu que o próprio, não só escrevesse o argumento, como o ajudasse também a realizar.

Feita a introdução, temos o Crime Noir por excelência. As cenas, planos e backgrounds são decalcadas da BD, à custa de muito CGI e muito Green Screen, tal como foi feito Sky Captain. Mas ao contrário deste, Sin City não quer imitar a realidade. Aliás, quanto mais cedo interiorizarmos que estamos a "Ver" o livro de Miller, maior é o deleite prós sentidos. Depois, nunca o preto e branco nos pareceu tão belo. Mas também há cor, no sangue, que jorra vermelho vivo nos heróis e amarelo e branco nos vilões, ou no azul e verde dos olhos das mulheres.

Os actores estão irreconhecíveis, quer nas interpretações, quer na fisionomia (adaptada às vinhetas do livro, a fazer lembrar Dick Tracy). Três historias, três protagonistas, três anti-heróis. Todos pecadores, mas também vingadores, numa réstia de bondade.
Bruce Willis parece Boggart, no papel de velho detective à beira da reforma. Clive Owen é um Wise-Guy, desembaraçado com as mulheres e as armas, numa cruzada em favor de um bairro de prostitutas ameaçado pela Mafia. E Mickey Rourke simplesmente...rouba o filme. É o gorila bruto e sádico, cego por vingar a única mulher que o tratou como homem, uma prostituta barbaramente assassinada pelo Elijah "Frodo Baggins" Wood (aqui, uma criatura mórbida e assustadora que literalmente, devora as suas vítimas).
Josh Hartnett tem um prólogo e um epílogo brilhantes, no papel de hit man cavalheiresco. Pelo meio andam lá Benicio Del Toro, Michael Madsen, Jessica Alba, Rosario Dawson e até, pasme-se, um pérfido Rutger Hauer.
Conclusão: Vou querer tornar a vê-lo pelo menos mais três vezes, uma pra cada um dos contos. Porque a vontade de parar o filme em algumas cenas é insuportável, tal é a quantidade de pormenores deslumbrantes que por lá habitam. Citando Clive Owen..."Let the Big Fat Kill begins!"

2 Comments:

At 3:31 da tarde, Blogger Roxanne said...

ai, ai...o Mickey Rourke. Fico a dever essa ao Robert Rodriguez (assim como fiquei a dever o ressuscitar do Travolta ao Tarantino).
E o Rutger Hauer também está a ser recauchutado... (xiiii, agora lembrei-me da "Mulher Falcão", lá vou eu de viagem aos anos 80...)
Bem, mas este elenco é fantástico!
Lá estarei e pronta a pecar (em pensamentos)...

 
At 3:42 da tarde, Blogger Mário said...

ó Roxi, tu sabes o quanto venero o Mickey!! Granda papelão que ele tem :)
Opá, e o Rutger...(nunca mais haverá outro androide "Blade Runner" como ele!) Aparece careca...na penumbra...tal e qual o Brando no Apocalipse Now....

 

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