Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

dezembro 11, 2005

Regresso da Ilha

Desvendo agora o que provocou a minha ausência prolongada da Fábrica. Estive nos bastidores de um filme português "A Ilha dos Escravos", com realização de Francisco Manso (o mesmo de "O Testamento do Sr. Napumoceno"), sobre um tema original no nosso cinema - a escravatura. Os portugueses Diogo Infante, Vitor Norte, João Lagarto e José Eduardo, os brasileiros Milton Gonçalves, Zézé Mota e Vanessa Giácomo, os cabo-verdianos Josina Fortes e Luís Évora, e Ângelo Torres, natural de São Tomé e Príncipe com residência em Portugal, são alguns dos actores que integram o elenco internacional desta longa metragem da produtora portuguesa Cinemate, em co-produção com o Brasil, Cabo Verde e Espanha, que deverá estrear no Outono de 2006, com distribuição da Lusomundo.

O realizador Francisco Manso numa das cenas com a figuração Foto Gita Cerveira/CINEMATE

Diogo Infante na rodagem no Brasil Foto Gita Cerveira/CINEMATE

A história é uma adaptação livre do romance "O Escravo", de 1856, da autoria do português José Evaristo de Alameida, na época desterrado no arquipélago de Cabo Verde. A obra é considerada o primeiro romance cabo-verdiano e narra a história do amor impossível de um escravo pela sua senhora, a típica heroína do período romântico em que a acção decorre. Como base de toda a trama melodramática, a lembrar os filmes de aventuras clássicos de época, está um facto histórico - uma conspiração político-militar, instigada por oficiais portugueses partidários de D. Miguel, exilados em Cabo Verde na sequência da derrota sofrida na guerra civil portuguesa que opôs liberais e miguelistas.

A rodagem que passou pelo Brasil e por Cabo Verde, terminou no mês passado. Daquilo que experienciei e observei registo, para já, uma coisa: Fazer um filme é tarefa árdua. Quando nos sentamos na sala do cinema não imaginamos que durante semanas houve quem se levantasse às quatro da manhã e trabalhasse 16 horas por dia. Não imaginamos que houve quem se desgastasse a fazer contas à película, ao guarda-roupa, às estadias, ao catering, às deslocações, aos carros que transportam o material e os inúmeros profissionais envolvidos. Sim fazer um filme é demasiado caro. Não imaginamos que um simples pormenor como um adereço de época que se partiu e não se encontra igual em lado nenhum pode parar as filmagens durante uma tarde. Não imaginamos o esforço dos actores que muitas vezes têm de filmar uma cena que não estava prevista e ainda assim dar consistência ao personagem que interpretam.

É difícil e é solitário, porque um filme resulta sempre do trabalho de uma grande equipa, mas onde cada um tem a sua função muito bem definida. Ninguém quer falhar, dependendo inevitavelmente do trabalho dos outros. Por isso se discute, por isso se parece estar sempre à beira de um ataque de nervos generalizado. Todos querem fazer o filme da melhor maneira, todos querem que o público goste do que vai ver.

É por isso que agora vejo sempre a ficha técnica até ao fim. Isso é cinema.

1 Comments:

At 6:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Continuo a achar que "Baía dos Escravos" (apesar da impossibilidade geográfica)soa muito bem !!! :)

 

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