Fábrica Lumière

Este blog nasceu num café-bar chamado "Vertigo", em Lisboa. Pensámos logo que esse nome era um sinal... Só podia. Adoramos "fazer filmes", essa é que é a verdade! Mas inspiramo-nos sempre nos originais. Se a amizade morresse, sobraria inevitavelmente a paixão pela sétima arte que nos une.

fevereiro 28, 2005

Óscares 2005 (10)



Nunca é demais o que se escreve, se diz ou se pensa sobre a cerimónia dos óscares, que para o bem e para o mal, é esperada com uma ansiedade quase infantil, mas compreensível. Afinal estamos um ano à espera daquelas pipocas especiais, daquela directa, daquela pizza de farinheira ... daquela surpresa. Por isso, deixem-me desabafar.

Porque não choraram estes oscarizados? Porque não ficaram histéricos e descontrolados? Ponham os olhos no Roberto Benigni, na Gwyneth Paltrow, na Hale Berry. Isso é que é sentir a emoção de um óscar. Se fôr preciso finjam, mas chorem, por favor. É que aquele senhor dourado custa dinheiro, aquilo não é um bibelot ou um híman para pôr no frigorífico. Até Nero, afogado no seu imenso narcisismo, ofereceu mais lágrimas!!

Óscares (9)

A Sony Hari foi a grande vencedora dos óscares! Agora vai ao cinema de graça à conta dos outros supeitos... A partir de agora ninguém a atura...



Actor principal
Jamie Foxx / RAY - AS, Lolita, Maldito Cinema, Sony Hari, Amélie

Actor secundário
Morgan Freeman / MILLION DOLLAR BABY - Maldito Cinema, Sony Hari

Actriz principal
Hilary Swank / MILLION DOLLAR BABY - Lolita, Maldito Cinema

Actriz secundária
Cate Blanchett / THE AVIATOR - Mário, Maldito Cinema, Roxanne, Sony Hari, Amélie

Realizador
MILLION DOLLAR BABY / Clint Eastwood - Roxanne, Sony Hari, Amélie

Melhor filme do ano
MILLION DOLLAR BABY - Lolita, Maldito Cinema, Sony Hari

Argumento adaptado
SIDEWAYS / Screenplay by Alexander Payne & Jim Taylor - Amélie

Argumento original
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND / Screenplay by Charlie Kaufman / Story by Charlie Kaufman & Michel Gondry & Pierre Bismuth - AS, Lolita, Roxanne

Música original
FINDING NEVERLAND - AS, Mário, Amélie

Melhor filme de animação do ano
THE INCREDIBLES - AS, Mário, Sony Hari

Contagem de apostas:

Sony Hari - 6

Amélie - 5

Maldito Cinema - 5

AS - 4

Lolita - 4

Mário - 3

Roxanne - 3

Asdrúbal - 0 (grande sorte no amor...)





Óscares 2005 (8)

Antes de avançar com quaisquer outras considerações sobre a noite dos óscares, gostaria apenas de registar que Chris Rock deve procurar urgentemente Glória de Matos. As inscrições para trabalhar a colocação de voz já estão abertas desde Janeiro.

fevereiro 27, 2005

Óscares (7)

Ó meninos da Fábrica, estão de folga? Publiquei, ah pois é! Envergonhem-se. Vá... passem lá no estaminé, façam as vossas apostas e republiquem.

As nossas apostas
(não são as nossas preferências... São as nossas previsões)



Actor principal
Don Cheadle / HOTEL RWANDA -
Johnny Depp / FINDING NEVERLAND -
Leonardo DiCaprio / THE AVIATOR – Mário, Roxanne
Clint Eastwood / MILLION DOLLAR BABY - asdrúbal
Jamie Foxx / RAY - AS, Lolita, Maldito Cinema, Sony Hari

Actor secundário
Alan Alda / THE AVIATOR -
Thomas Haden Church / SIDEWAYS - asdrúbal
Jamie Foxx / COLLATERAL - Mário
Morgan Freeman / MILLION DOLLAR BABY - Maldito Cinema, Sony Hari
Clive Owen / CLOSER - AS, Lolita, Roxanne

Actriz principal
Annette Bening / BEING JULIA - AS, asdrúbal, Sony Hari
Catalina Sandino Moreno / MARIA FULL OF GRACE -
Imelda Staunton / VERA DRAKE - Roxanne
Hilary Swank / MILLION DOLLAR BABY - Lolita, Maldito Cinema
Kate Winslet / ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND - Mário

Actriz secundária
Cate Blanchett / THE AVIATOR - Mário, Maldito Cinema, Roxanne, Sony Hari
Laura Linney / KINSEY - Lolita
Virginia Madsen / SIDEWAYS -
Sophie Okonedo / HOTEL RWANDA - AS, asdrúbal
Natalie Portman / CLOSER –

Realizador
THE AVIATOR / Martin Scorsese - AS, Lolita, Maldito Cinema, asdrúbal, Mário
MILLION DOLLAR BABY / Clint Eastwood - Roxanne, Sony Hari
RAY / Taylor Hackford -
SIDEWAYS / Alexander Payne -
VERA DRAKE / Mike Leigh -

Melhor filme do ano
THE AVIATOR - AS, asdrúbal, Mário, Roxanne
FINDING NEVERLAND
MILLION DOLLAR BABY - Lolita, Maldito Cinema, Sony Hari
RAY
SIDEWAYS

Argumento adaptado
BEFORE SUNSET / Screenplay by Richard Linklater & Julie Delpy & Ethan Hawke /Story by Richard Linklater & Kim Krizan -Lolita
FINDING NEVERLAND / Screenplay by David Magee - asdrúbal, Roxanne
MILLION DOLLAR BABY /Screenplay by Paul Haggis - AS, Mário, Maldito Cinema, Sony Hari
THE MOTORCYCLE DIARIES /Screenplay by José Rivera
SIDEWAYS / Screenplay by Alexander Payne & Jim Taylor

Argumento original
THE AVIATOR Written by John Logan - asdrúbal, Mário, Maldito Cinema, Sony Hari
ETERNAL SUNSHINE OF THE SPOTLESS MIND / Screenplay by Charlie Kaufman / Story by Charlie Kaufman & Michel Gondry & Pierre Bismuth - AS, Lolita, Roxanne
HOTEL RWANDA / Written by Keir Pearson & Terry George
THE INCREDIBLES / Written by Brad Bird
VERA DRAKE / Written by Mike Leigh

Música original
FINDING NEVERLAND - AS, Mário
HARRY POTTER AND THE PRISONER OF AZKABAN
LEMONY SNICKET'S A SERIES OF UNFORTUNATE EVENTS
THE PASSION OF THE CHRIST - asdrúbal, Maldito Cinema
THE VILLAGE- Lolita, Roxanne, Sony Hari

Melhor filme de animação do ano
THE INCREDIBLES - AS, Mário, Sony Hari
SHARK TALE - Lolita, asdrúbal, Roxanne
SHREK 2 – Maldito Cinema

O elenco masculino é do melhor

Depois de ler os dois últimos posts, feitos pelos dois gajos da Fábrica, chego mesmo à conclusão que valeu a pena enganá-los... Um é pirata, outro faz filmes para lá do caraças! Que talentos!

fevereiro 26, 2005

Janela Indiscreta 3



Hoje começo pela respectiva ordem de estreia nesta nossa cubata à beira mar plantada:

SAW - 3 de Março

Vou-me perder a escrever de modo a tentar convencer-vos a verem este filme. Como começar...?
Eu sou gajo: adoro terror, sangue, membros decepados, etc. Consigo admitir que esse tipo de filmes apenas me divertem, SALVO...duas ou três excepções, que ficaram marcadas e que penso que em vocês também: The Ring (cheguei a casa com medo que tocasse o telefone), Seven e Silence of the Lambs. Porque é que me dei ao trabalho de gastar caracteres com os meus gostos? Muito bem, precisamente porque Saw é "só"...um cruzamento de Seven (três vezes mais macabro) com Silence of the Lambs (3 vezes mais perturbante e com uma ou duas piscadelas de olho ao Dr. Hannibal). É a estreia de James Wan na realização; gente conhecida só tem mesmo o Danny "Arma Mortífera" Glover (e nem sequer é protagonista); está neste momento no Fantas (vai limpar aquilo tudo de certeza) e chega cá esta semana.
Começa com dois desconhecidos que acordam, meio amnésicos, acorrentados pelo tornozelo numa casa de banho imunda em ruínas. Foram vítimas do psicopata de serviço que lhes deixou várias pistas e duas saídas: o que matar o outro, saí em liberdade; senão, têm ao dispor duas pequenas serras para...se derem de facto valor à vida, serrarem os respectivos tornozelos. Aviso que não há terror gratuito, não há litros de sangue, há sim, à semelhança de Seven, a visualização de mais meia dúzia de jogos sádico/macabros que nos dão o célebre "murro no estômago" e que deixam os de Seven a um canto! O meu favorito: Uma moçoila com uma armadilha de ursos encaixada no maxilar. Quando um cronómetro chegar ao fim, a armadilha em vez de se fechar vai-se abrir, dividindo-lhe a cabeça em duas. A chave para o cadeado deste engenho está no estômago dum indivíduo em frente dela, consciente mas paralisado. Ah...ela tem uma faca! Digam lá...vocês abriam o estômago do gajo à procura? A Premissa: "Quanto é que estás verdadeiramente disposto a sangrar?"
Veredicto: Pesado, sádico, mas senta-nos na cadeira com aquele chapadão de querer ver tudo até ao fim a engolir em seco. Está para lá de imperdível.


The Assassination of Richard Nixon - 24 de Março

E de repente, a menos de um mês, irá aparecer-nos o mais bem guardado segredo do óscarizado melhor actor de 2003. Atão não é que o Sean Penn tornou a fazer um filme com a Naomi "Deusa" Watts?!?! E a malta fanática do 21 Grams não sabia de nada??? Enfim...o Ex da Madonna está para a interpretação como o Clint está para a realização. Este homem, simplesmente, nunca mais conseguirá fazer um filme mau! Todos sabemos que Nixon nunca foi assassinado, mas o filme diz ser inspirado num caso real. É outra estreia na realização, neste caso de Niels Mueller e trata-se da desilusão do sonho americano, muitíssimo parecido com o já velhinho Falling Down, lembram-se? (Michael Douglas, paranóico, abandonado pela mulher, desempregado, passa-se da bolha numa auto-estrada e desata aos tiros por L.A.?) Pois bem, Penn foi abandonado pela Naomi (de longos cabelos NEGROS!) e não aceita esse facto. O pai ensinou-lhe os deveres morais da honestidade, o que o faz morrer aos poucos, sempre que tem de mentir aos clientes no seu reles emprego de vendedor de móveis. O seu único amigo é Don Cheadle, na pele de um mecânico de automóveis, negro, ainda a sentir o racismo dos anos 70. Ao mesmo tempo, na televisão, Nixon mente todos os dias aos americanos (estamos no seu segundo mandato, o Vietnam está ao rubro e o presidente continua a enganar as pessoas). E depois...bem, depois são 90 minutos do mais deprimente que há, em que o céu "cai definitivamente na cabeça" de Sean Penn. O título diz tudo: depois de levar tanta porrada do sistema, e com a televisão como única companhia, ele planeia assassinar Nixon (o plano mete avião a despenhar-se na casa branca, o que deverá ter suscitado reacções interessantes nos EUA pós 11 de Setembro). Merece ser visto? Para amantes da interpretação pura...sim! Penn transfigura-se, com alguns tiques do também seu I Am Sam, mas sem entrar na demência. No final torna-se um farrapo, miserável, sem saída, o que poderá muito bem arrancar uma lagrimazita às gajas mais influenciáveis. Deverá, com certeza, entrar nos próximos óscares e, se acharam que o Penn de 21 Grams foi superior ao de Mystic River, então vejam este. E depois digam-me se a próxima estatueta de melhor actor não está já reservada novamente para este senhor.

E prá semana há mais...do mesmo (o novo de Denis Quaid e uma comédia existencial com mais estrelas que Ocean's Eleven). Esperem por ela!
P.S.: Os "gajos" tomaram definitivamente conta da Fábrica! Asdrubal! Irmão! Homens ao poder!

fevereiro 25, 2005

Recado à equipa da Fábrica (com a licença dos leitores)

FAÇAM AS VOSSAS APOSTAS! (No sítio que eu sei que vocês sabem...)

Feios, porcos e maus 3

Desculpem colegas, mas eu tenho de dizer: Esta senhora tira-me do sério!


Sally Field (chora ou ri?!?)

Nunca percebo quando está contente ou triste... a expressão é sempre a mesma e tem sempre aquele ar de “mãe de família”. Chego a confundir os filmes em que participa (que já devem ter passado todos na TVI) “Já vi este? Então mas ela não tinha uma filha deficiente? Era noutro? Mas eu juro que ela usava saia de xadrez e bandolete! AH! Não é neste...” .

Óscares 2005 (6)

Só eu sei...porque vejo em directo...


Adrien Brody dá um beijo técnico (ai, aquela mãozinha na nuca) à colega Halle Berry, depois de receber o óscar de melhor actor com o filme O Pianista (2002).
São momentos como este que se instalam agradavelmente na minha memória e que me fazem ansiar por esta cerimónia, todos os anos.
Terá sido esta uma "surpresa planeada" como as que o "cromo" fala no seu blog?

Óscares 2005 (5)



Jay Leno, no seu programa "The Tonight Show", recebeu aquele que será Deus por um dia e que já recebeu honras de destaque neste blogue. Esse mesmo, Chris Rock.
No meio de uma hilariante entrevista, Chris deixou "escapar", vejam só, a sua preferência para a estatueta de melhor actor: Don Cheadle, de "Hotel Ruanda".

Alguém vai contrariar Deus??

fevereiro 24, 2005

Óscares 2005 (4)

Por esta altura começa-se também a fazer contas aos injustiçados pela Academia.



Assim de rajada aquele que não consigo conceber fora da corrida é "A Vila" de Shaymalan. Um dos meus filmes do ano. Sei que nesta aposta estou sozinha aqui na Fábrica...

Meus queridos suspeitos, digam lá o vosso rol de 'outsiders'. Digam lá.

Estimados leitores, enviem o vosso mail aqui para a Fábrica com os filmes e os actores que consideram os injustiçados deste ano. Nós depois publicamos. A lista dos nomeados está aqui.

Óscares 2005 (3)

O cromo



Gil Cates (não confundir com Bill Gates), o homem que produz a noite mágica da Academia, deu a conhecer um dos maiores segredos do evento, no seu blogue: "There are two kinds of surprises that happen on every Oscar telecast. First are the surprises that we plan. Then there are the surprises that just happen".

Este homem é muito à frente!

Quiz Show 1




Qual é a única queixa que Will Smith tem acerca da sua participação no filme Shark Tale (2004)?

Ele não percebe porque é que colocaram aquelas orelhas no peixe Oscar, se os peixes nem sequer têm orelhas...

Barreira Invisível 2

O Sexo de Kinsey



Liam Neeson é Alfred C. Kinsey, um zoologista que em 1948 mudou a maneira dos americanos encararem o sexo com a publicação do livro “Sexual Behavior in The Human Male”, questionando milhares de pessoas sobre os aspectos mais íntimos das suas vidas.
Um filme interessante onde nos podemos aperceber até que ponto se pode levar um estudo e a interferência do mesmo na vida pessoal dos seus participantes. Kinsey e a sua equipa vão levar até aos limites toda a investigação... A não perder para quem gosta de “grandes estudos”...



A minha sessão foi num Domingo à noite num cinema algures em Lisboa e se há coisa que gosto é de ouvir os comentários das pessoas no fim. Se pudesse fazia mesmo um estudo com escala e tudo (como no filme) para saber toda a verdade sobre a importância da opinião do público sobre as fitas. Neste caso foram duas as que me lembro:
“Que doidos, um estudo levado à prática”
“Porque razão ainda não tivemos conhecimento dessa escala e dos hábitos dos portugueses?”

Primeira página 4



Mar Adentro estreia hoje. Traz com ele uma boa história, Javier Bardem e Alejandro Amenábar (o senhor que dirigiu, e que esteve a menos de 30 cm, Nicole Kidman em "Os Outros").
Caminhai meus filhos para as salas de cinema, elas cantarão de alegria com a vossa chegada!

Óscares 2005 (2)

"...young, gifted, and the funniest man in America"
Vanity Fair



Este é o homem que vai apresentar pela primeira vez a cerimónia dos Óscares.
Chris Rock é jovem, é preto e não consta em Portugal como grande estrela. Mas está a fazer o seu caminho, e por alguma razão o convidaram. O que estará a mudar?

Se calhar a América seguiu os conselhos portugueses (nós somos "muito à frente"... Esta expressão não me sai da cabeça, o que é que querem?) e começou a dar lugar aos novos registos de humor, muito de trazer por casa, rasteirinhos ao dia-a-dia. Um humor aparentemente, só aparentemente, fácil, e que funciona precisamente em virtude desse engodo. Será esta a onda de Chris?

Se for como cá, acho que se vai sair muito bem. E, sendo assim, o Billy e os outros que o antecederam até deixam saudades. Em Portugal, há quem teime em não dar descanso...

Óscares 2005 (1)



Os Suspeitos do Costume vão fazer um especial Óscares 2005.

Aqueles homenzinhos dourados valem o que valem, e as grandes produtoras é que mandam, e há muitos filmes bons que ficam de fora, e etc... Mas a malta aqui gosta daquela passadeira, gosta de ver os actores e os vestidos, e ouvir os discursos, e as piadas, e etc. O etc geralmente é o mais interessante.

Até já andamos a fazer as nossas apostas (a lista segue dentro de um ou dois dias).
Divertimo-nos assim. Podia ser pior.

A nossa cerimónia vai ser em casa da Lolita. Já encomendámos o café, os comes e os bebes.

Ainda pensámos ir vestidos a rigor - o Asdrúbal e o Mário de 'smoking', a Roxanne de vestido longo verde (com tornezelo à mostra), a Lolita de micro-saia de lantejoulas, a AS de rosa (e decote, dizem as más línguas), a Amélie de preto (costas à mostra), a Sony Hari de azul e longa echarpe, a Maldito Cinema de dourado (e decote, dizem as mesmas más línguas).

Mas depois lembrámo-nos do Lauro António na TVI, mais os seus convidados (cujos nomes não conseguimos recordar), quando fazia a directa da cerimónia vestido a rigor, e de como nos parecia ridículo... Lembram-se? Convenhamos, quem enfrenta aquela entrega de prémios deve é estar enfiado numa roupa confortável, e recorrer à ingestão de produtos (legais...) que o mantenham acordado.

Na madrugada de 28, "live from Lolita's place", contamos estar acordados para fazermos o nosso filme da cerimónia mais americana e mais perversa da indústria cinematográfica. Pois, pois... Esta coisa das fitas é uma indústria. E é mau?!

fevereiro 22, 2005

O prémio 1



E porque está entre nós o espírito do "Fantas" ...

“Tarde Demais” foi distinguido como Melhor Filme Português do Ano, no FantasPorto 2001.

José Nascimento, o realizador, descobriu a história para o seu filme em 1995, quando lia um artigo de Laurinda Alves, na revista d’O Independente. O texto era sobre o naufrágio de um barco de pesca artesanal, em pleno rio Tejo. Dois pescadores morreram, e as autoridades (ditas competentes) que lhes podiam ter salvo a vida, estiveram embrulhadas em excessos burocráticos.

António, Joaquim, Manuel e Zé, os pescadores do filme e da vida real, cansados de esperar pelo salvamento, lançaram-se numa luta pela sobrevivência. Depressa o cansaço e o frio se apoderaram do corpo e da razão. Apenas Zé conseguiu chegar mais longe, agarrando-se à pouca força que restava.

António (Carlos Santos), o mais velho e que ficou junto do barco naufragado, foi salvo pelas indicações de Zé (Vítor Norte). Joaquim (Nuno Melo) perdeu-se na teimosia e nas correntes do rio. Manel (Adriano Luz) foi encontrado morto, de olhos abertos, gelados pelo frio, a contemplar o céu.

O Tejo pareceu-me grande, muito grande, e a coragem destes homens imensa.

Do céu caiu uma estrela 2

"My goal in life is very simple right now. I'm going to try to stay happy"
Sandra Dee (1942 - 2005)




(Sandra Dee, James Darren e Cliff Robertson no filme Gidget)

Fui informada pela minha amiga e "suspeita do costume" Amélie do recente falecimento de Sandra Dee, "uma actriz de quem tu gostas muito" disse ela. Realmente, não posso dizer que vi todos os seus filmes, não posso dizer que acompanhei a sua carreira, não posso dizer que conheço a fundo a sua biografia. Não posso dizer muita coisa sobre Sandra Dee, a não ser que gosto dela e porquê.

A imagem desta actriz remete-me para uma tarde de férias escolares, uma mesa com pipocas e refrigerantes, quatro amigas e um filme na televisão: Gidget (1959), a história de uma adolescente que não queria saber de rapazes até um belo dia... O filme passou a série de televisão e eu passei a ser chamada de Gidget, numa altura em que a nossa diversão era brincar de "eu sou esta e tu és aquela". Assim, para o bem e para o mal, eu era a Gidget, a personagem mítica de Sandra Dee.

Fiquei triste com a notícia da sua morte, porque ela faz parte das minhas memórias e também porque ainda contava vê-la, mesmo velhinha, numa qualquer cerimónia dos Oscars. Nessa altura, eu ia sorrir sozinha, secretamente brincando que era eu quem estava lá.

Nota: Sandra Dee casou em 1960 com o cantor Bobby Darin, cuja história é o centro do recente filme "Beyond the Sea", com Kevin Spacey no papel de Bobby Darin e Kate Bosworth no papel de Sandra Dee.


Música no Coração 2



Summer of '42 (1971) - Michel Legrand

A minha adolescência tem uma banda sonora. Cada recordação, cada melancolia, cada silêncio, em cada música de Summer of '42.
Vi O Verão de 42 às escondidas dos meus pais, de madrugada, no escuro da sala, ansiosa por ver pela primeira vez cenas de sexo e orgulhosa pela rebeldia de assistir ao filme proibido. Tinha 12 anos. Não voltei a vê-lo mas ainda hoje, algumas imagens estão tão vivas na minha memória como se eu própria as tivesse vivido naquela noite.

Hermie é um adolescente que passa as férias de verão com dois amigos numa ilha onde conhece Dorothy, esposa de um soldado que luta na II Guerra Mundial. A Guerra está muito distante daquela ilha, tocando apenas ao de leve a vida dos personagens desta história até que no fim do filme assume um papel determinante no rumo da relação entre Hermie e Dorothy. O Verão de 42 não tem a ver com amor mas com experiências únicas que nos mudam para sempre e com a despedida da adolescência.

Ouvir o tema The Picasso Suite (Oscar de melhor música para Michel Legrand) é como resgatar memórias agri-doces de uma inocência perdida, de uma intensidade no sentir que só se consegue na adolescência. Depois daquele verão, Hermie já não seria o mesmo rapaz, assim como eu depois deste filme não seria mais a mesma criança.

"Life is made up of small comings and goings. And for everything we take with us, there is something that we leave behind...In the Summer of '42 we raided the Coast Guard Station four times. We saw five movies and had nine days of rain. Benjie broke his watch; Oscy gave up the harmonica. And in a very especial way , I lost Hermie, forever."

Do céu caiu uma estrela 1

Audrey Hepburn (1929-1993)



Desde a primeira vez que a vi, no pequeno ecrã, ainda a preto-e-branco lá de casa, como aluna de Henry Higgins no "My Fair Lady", achei que Audrey Hepburn não era deste mundo. Sempre a imaginei como vivendo na tela, a olhar para a vitrine da Tiffany's, debaixo de um encantador chapéu, a adornar belas pérolas, a seduzir. Sempre a seduzir.

Nesta imagem de "Breakfast in Tiffany's", o olhar de Audrey está completamente abandonado ao destino da sua personagem de boneca de luxo, em vias de se perder no amor que tinha trocado por uma loja. Audrey também se trocou pelas personagens, como se, ao invés de ter nascido para as interpretar, estas só tivessem sido criadas para serem representadas por ela. Nunca consegui conceber uma vida real para Audrey; A dialogar com o relizador, a decorar o guião, a ir para casa, a ir ao médico...

E, no entanto, Audrey encarnou a dura realidade de milhões de crianças espalhadas pelo mundo (UNICEF), doando na vida fora da tela a generosidade e a doçura que transmitiu de dentro da mesma.

Envelheceu com o eterno sorriso de menina e a água nos olhos que envergonharam o orgulho de muitos homens. Uma estrela que continua a cair sobre nós sempre que no ecrã se acende.

fevereiro 21, 2005

Dicas da Lolita (I)


Vou falar de algumas coisas que eu acho fundamentais: pipocas, ecrãs/salas de cinema, cadeiras, etc, (região de Lisboa).
Para isso fiz uma pequena lista de bolso (podem imprimir pois ainda vai ser útil):

Melhores Pipocas: Sem dúvida as do El Corte Inglês.
Piores Pipocas: As do Alvaláxia (muito gordurosas e pequeninas).

Melhor Ecrã: Alvaláxia (das salas grandes). Disse-me uma vez uma perita (que escreve também aqui) que aquela inclinação XPTO fazia qualquer coisa que eu não me lembro. Mas decorei que era a melhor sala.
Pior Ecrã: Ela não me disse, mas uma vez fui ao Oeiras Park e as legendas ficavam comidas. Tive que puxar pelo meu inglês.

Melhores Cadeiras: Vasco da Gama pois tenho espaço para esticar as pernas.
Piores Cadeiras: Quarteto porque fico com o rabo dormente.

Melhor Sessão (quando o filme não é bom... ): Odivelas Park à meia-noite (somos só nós e o nosso acompanhante... estão a ver?).
Pior Sessão (sendo o filme bom ou não): Colombo à meia-noite (somos nós e mais quinhentos).

E Tudo o Vento Levou 2

A Lição de Tango (1997)


Quando vi pela primeira vez o filme «A lição de tango», de Sally Poter, enamorei-me do tango, do seu imaginário e da sua estética, enamorei-me da ideia de que afinal é possível deixar tudo para trás e lançarmo-nos numa nova vida. Dei-me conta de que afinal «burro velho aprende línguas»…

Sally (interpretada pela própria Sally Poter), uma realizadora que tenta recuperar-se da desilusão com o seu último filme, vai conhecer através de Pablo (Pablo Véron), um dançarino de tango, um mundo totalmente diferente, pautado por outro metrónomo, em ritmo 2/4.
Do seu primeiro encontro em Paris nasce um pacto: se Pablo conseguir fazer de Sally uma dançarina profissional de tango, Sally dará a Pablo o papel principal no seu próximo filme.
Pablo consegue transformar Saly numa «tanguera», mas quando Sally vai para Buenos Aires para iniciar o filme com Pablo, começam os problemas. «How do you follow when your instinct is to lead?»

«A lição de Tango» transforma-se efectivamente numa lição de vida, pois nasce do encontro entre a realidade e a ficção, entre a vida real de Sally Poter, que ao começar a ter aulas de tango deixou o projecto do filme que tinha em mãos para se lançar na aventura de fazer «A lição de tango», e o papel que ela encarna na tela. O filme é intricado e dolente como um tango. Fala de perdas, de encontros e de reencontros, de um amor difícil, que são as temáticas por excelência desta «canção» nascida em Buenos Aires. Fala também de força e coragem para mudar, fala de seguir o coração...

Confesso que quando vi o filme ele representou um impulso deveras importante na minha vida, e é por isso que vai ser para sempre um dos filmes da minha vida, apesar de saber que não me vou transformar numa «tanguera», sei que a possibilidade está sempre ali, ao virar da esquina…

Nota: Uma palavra também para a excelente Banda Sonora.

Feios, porcos e maus 2


A pesquisa de filmes feios, porcos e maus está oficialmente aberta. O difícil não é encontrá-los, difícil é escolher o melhor entre o pior. Até à decisão final, fica aqui um breve apontamento sobre os PAF (Portugueses Anti-Filme). E os nomeados são:

- o conspirador: senta-se nas nossas costas. Respira no nosso pescoço. Antecipa compulsivamente todas (ou quase todas) as legendas do filme. Não sei se por puro sadismo, afirmação sexual ou, simplesmente, porque gosta de falar em locais públicos. (O sexto sentido foi muito concorrido);

- o conquistador: ocupa abusivamente o apoio da nossa cadeira. Impede-nos de repousar, ficando nós, as vítimas, sem saber o que fazer aos bracinhos;

- o dependente: é cada vez mais vulgar encontrá-lo na sala de cinema. Para além de não conseguir desligar o telemóvel, não resiste a atendê-lo;

- a sombra: sou frequentemente vítima deste espécime. Dotados de pescoços birmaneses, usam também penteados insuflados e/ou despenteados. Nestas alturas penso muito na Revolução Francesa, Maria Antonieta ...;

- o contrariado: é habitualmente do sexo masculino. Chega atrasado, maldisposto e arrastado pela mulher. Procura a posição ideal na cadeira e, em sinal de protesto, oferece-nos o seu melhor ronco.

fevereiro 20, 2005

Primeira Página 3

Última Hora:

Maldito Cinema, suspeita ilustre desta Fábrica, está a caminho do Fantasporto. Estamos assombrados! Uuuuuuuuuuhhhhhhhh

Janela Indiscreta 2



Fazendo jus ao cognome "O Pirata" (tão gentilmente colocado pela Maldito Cinema), venho por este meio prestar o "serviço cívico" de vos alertar para os "vómitos" ou para as "maravilhas" que para aí vêm. Três propostas:
Começando pelo nojo...


The Grudge - A Maldição

Os americanos andam com a febre de remakes do horror japonês. Começou com o The Ring (de quem sou absolutamente fanático) e não demorou muito a chegarem-se ao filme de culto "Ju-on: The Grudge" de Takashi Shimizu (mestre lá prós lados do Sol Nascente). Sam Reimi viu o 1º filme, viu a sequela, viu a prequela e...decide-se a produzir uma versão americana. Vai daí, quem convida ele pra realizar?!?! O próprio Takashi Shimizu. Ora bem, eu também vi o original japonês. Passei o tempo todo a olhar pró relógio a suspirar pelo final. Vi a sequela...e novamente relógio. Começo a ver o remake americano e dão-me mais do mesmo! Bocejo! Sono! Nojo!
Os meios capitalistas prometiam: Tinha Bill Pulmam, tinha Sarah Michelle "Buffy" Gellar, tinha efeitos especiais em CGI, etc. O tal mestre Shimizu pega naquilo tudo e, doente da mona como deve ser, resolve-se a re-filmar o 1º filme! Não há pachorra e fica-se por um parente muito pobre do The Ring. Até porque Sarah Michelle Gellar não é Naomi Watts. Tudo se passa novamente no Japão, a mesma casa amaldiçoada e ver a fantasma/vilã, de corpo branco como a cal, cabelos compridos a tapar a cara, sem unhas, a arrastar-se pelas escadas abaixo enquanto emite uns grunhidos pseudo-ameaçadores, cansa um bocado, especialmente quando ela aparece todos os santos 5 minutos de filme. Veredicto: Takashi Shimizu está tão amaldiçoado quanto o seu filme e necessita de urgente ajuda especializada. De fugir!

The Final Cut

Poderá até nem nunca chegar cá, ou ser chutado directamente para os clubes mas, convém memorizar este nome, que poderá revelar-se uma agradável surpresa.
Robin Williams, no campo do drama de ficção científica, dirigido por um tal de Omar Naim (cheira-me a chamussas). Sem grandes alarvidades de interpretação, Williams carrega à costas um argumento tão fabuloso quanto original: Num futuro próximo temos a possibilidade de nascer já com um chip de memória implantado, que irá registar todas as nossas acções, vistas pelos nossos olhos. O futuro das agencias funerárias passa por aí: pegar nesse chip e construir um documentário repleto de imagens bonitas do que foi a vida de cada falecido para ser mostrado à família durante o funeral. Williams é o editor dessas imagens. O melhor de todos. Carrega consigo um segredo de infância que o atormenta e passa os dias a eliminar as cenas mais "desaconselháveis" dos chips dos mortos (adultério, pedofilía, violência doméstica, etc). Depois entra Jim Caviezel ao barulho, como líder de um movimento anti-chip de memória que defende a liberdade de um indivíduo poder viver a sua vida sem estar condicionado pelo tal "gravador interno", daí a espectacular permissa: Se tivesse todos os momentos da sua vida a serem gravados, viveria-os de modo diferente?
Veredicto: muito agradável.
Já me esquecia! Tem Mira Sorvino a fazer de namorada de Robin Williams. E mai nada!

The Life Aquatic With Steve Zissou

O melhor para o fim. Julgo que estreia em Março com o título alarve de "Um Peixe Fora De Água". Confesso que não vi The Royal Tenenbaums, mas apaixonei-me por este novo filme de Wes Anderson. Comédia de "ultra-luxo": Bill Murray, Owen Wilson, Anjelica Huston, Jeff Goldblum, Willem Dafoe e Cate Blanchett. Porquê, então, ir já a correr reservar bilhetes para isto?
Bil Murray é o famoso Steve Zissou, de fato de borracha e boina vermelha a parodiar Jaques Costeau (sim, o velhinho dos oceanos das nossas infâncias), e também o capitão Ahab de Moby-Dick. A diva Angelica, como esposa cheia de papel, principal financiadora dos desvairos oceanográficos de Zissou. Goldblum (que é feito dele?) é o cínico "podre de rico" adversário eterno de Zissou.E depois...bem, depois temos a tripulação do Belafonte (como se chamava mesmo o barco do Costeau? Alguém se lembra?) que é um mimo. Dafoe com um sotaque germânico hilariante, Wilson o filho desaparecido de Zissou, comissário de bordo, promovido a Imediato sem perceber puto do mar, Blanchett uma reporter activista radical, que engravida durante a expedição e ainda um marujo brasileiro que serve de interludio durante todo o filme, onde vai desfilando canções famosíssimas de David Bowie com a sua guitarra, a bordo do Belafonte mas cantadas em...português!
É uma super produção da Disney, não tem gags à la Ben Stiler ou Adam Sandler, mas tem Bill Murray. Subescrevo totalmente a capa de uma famosa Esquire que perguntava em Dezembro passado se "Alguém por favor dá um Óscar a este homem?".
Veredicto: Rir com prazer, em grande estilo.

fevereiro 19, 2005

Amor de Perdição 3



Closer

Sobre este filme tenho a impressão que nunca terei dito tudo.
O amor e todas as suas múltiplas, e por vezes disformes, variações, só acontece quando se chega "Perto Demais" .
Tão simples quanto isso.
Quem não olha nos olhos, quem não se atreve a fazer zoom aos que o rodeiam, na rua, em casa, no trabalho, no supermercado... não corre riscos.
Alguém sai ileso?

Jogo de Lágrimas 1



O Holocausto que não quero ver

Este talvez seja o post anti-filme que mais cedo ou mais tarde teria de fazer. Escolhi mais cedo para, antes de falar sobre as minhas paixões, exorcizar este meu capítulo da Fábrica Lumière.

O cinema é paixão, disso não há dúvida. O cinema sobre o Holocausto, campos de concentração, nazis e todo o sofrimento que me transmite, é aterrador.

Desde "A Escolha de Sofia", vista numa idade imprópria, é certo, e da série televisiva "Para além da Guerra", nunca mais fui capaz de encarar um filme sobre o tema. Nunca mais.

Foi por eles que conheci aquele período negro da história. A partir daí vieram as perguntas, a leitura de algumas fontes e o repúdio. Depois de conhecer os factos, era demasiado penoso ver filmadas as cenas que eu já sabia como terminavam.

Só para dar dois exemplos dos filmes que jamais verei - "Lista de Schindler" e "A Vida é Bela", provavelmente dos mais qualificados sobre a época; O segundo ainda me convenceram a começar a ver, dizendo-me que não tinha nada a ver com os outros e que era tudo a brincar. A brincar?! Nessa noite nem dormi.

O cinema mostrou-me um lado negro da mente humana que não me permito ver. E foi o primeiro a mostrá-lo. Talvez por isso.



Nota: A qualidade dos filmes em questão não está em causa, pelo contrário, pelo que tenho lido e ouvido, tratam-se de belíssimas obras de arte. É importante que estes filmes existam. É importante recordar às gerações que se sucedem a monstruosidade dos crimes do Holocausto, sobretudo quando há alunos do 12º ano que nunca ouviram falar de tal coisa, como me contou há pouco tempo uma professora em estado de choque.

fevereiro 18, 2005

Amor de Perdição 2

A minha memória é extremamente selectiva (para não dizer preguiçosa), especializada em momentos singulares. Um desses momentos aconteceu no Saldanha Residence, numa sala de cinema. Não me lembro da hora da sessão, mas recordo que estava com os meus tios. A alguns minutos da tela se iluminar, não sabia ainda o título do filme e tão pouco se era aconselhável vê-lo ao lado dos meus tios.

“As Pontes de Madison County”, o filme dessa noite, é de 1995. Os protagonistas, Meryl Streep e Clint Eastwood (que meteu as mãos na realização, produção e até na música), encheram o ecran com uma performance, quanto a mim, irrepreensível. Francesca e Robert, os nomes dos personagens, ela proprietária de uma quinta em Iowa e ele fotógrafo da National Geographic, foram amantes durante 4 dias, condensando neste parco período, todas as etapas de uma história de amor: a sedução, a paixão, o beijo, o sexo, o desespero, a despedida.

No escuro da sala, completamente imóvel na cadeira, apeteceu-me chorar. Não por causa da separação de Robert e Francesca, que me parecia quase inevitável, mas por mim, por ser incapaz de acreditar que se pode ser tão imensamente feliz.

fevereiro 17, 2005

Primeira Página 2



Tratado de Tordesilhas

Há entre Portugal e Espanha o trauma do Tratado de Tordesilhas. Transversal a todas as indústrias e artes, o cinema não é excepção. Se na primeira vez os portugueses ganharam (o Brasil foi um grande achado), nas que se têm seguido foi quase sempre a perder...

O cinema espanhol está para uns milhões, como o nosso está para, talvez, a meia dúzia de centenas de milhar. Não sei os números (se alguém souber que me informe, que eu também estou nisto para aprender), mas a diferença é abismal.

A maior diferença nem reside na quantidade de público que os dois países atingem (é óbvio que o mercado espanhol é muito maior!), mas no desequilíbrio entre o conhecimento que ambos têm do cinema produzido pelos vizinhos. Em suma, sem sermos especialistas, conhecemos muito mais as películas espanholas, que eles as nossas fitas.

Para equilibrar a balança, O ICAM - Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia assinou um protocolo com o congénere espanhol, nos termos do qual vai atribuir um incentivo financeiro às distribuidoras cinematográficas para levarem mais filmes portugueses a Espanha. Qualquer coisa como 50 mil euros por cada obra seleccionada, para custos de programação, publicidade, conferências de imprensa, despesas de viagem, etc.

O protocolo também funciona ao contrário. Óbvio. Os tratados são assim. Parece que também por cá se poderia ver mais cinema espanhol. Se calhar. Os espanhóis é que nem devem precisar disso.

fevereiro 16, 2005

Janela Indiscreta 1



Suave Murro

Nem todos os dias a morte caminha tranquila. Habituamo-nos a encarar a ausência do corpo como terror intenso. Mas a vida que também é o cinema, recupera nas imagens, o movimento sério do que é real. No filme “Million Dollar Baby” de Clint Eastwood antecipa-se o sentimento de culpa para nos apresentar um Franky de meia idade, homem carregado pelos vinte anos de missa diária. A confissão permanente não lhe alivia do pecado, que jamais saberemos qual é. Esse véu negro é que invade a mente do espectador, sentindo a melancolia em cada olhar, em cada palavra, em cada abandono. Maggie é a rapariga de 31 anos que deseja ser campeã. Dos 30 anos que encerra nos punhos, há a força de ser mulher, brutal knock out ao fracasso. Insatisfeita (como todas as mulheres aos 30), luta para conquistar a atenção do ex-treinador de boxe. Franky recusa como se a felicidade estivesse à porta de um sorriso. E a teimosia vence, à força de lei da vida.
O que mais impressiona em "Million Dollar Baby" é a mestria única de quem sabe de uma história e não a expõe, de quem desvela os factos em exercício de mistério.

Pensavam que este era um filme sobre boxe?
Pois não é. É sobre a morte mais tranquila.
“Always protect yourself”.

fevereiro 15, 2005

E Tudo o Vento Levou 1



Funny Girl (1968)

Funny Girl é o musical que conta a vida da cantora e comediante Fanny Brice, interpretada por Barbra Streisand (embora para mim seja difícil separar uma da outra, ficando quase sempre com a sensação que Fanny é Barbra, antes de Barbra ser Fanny).
Fanny Brice é uma miúda judia, talentosa, obstinada e com uma certeza: que a beleza não é o seu forte mas o sentido de humor sim.
Apesar das vozes à sua volta dizerem que o palco pode não ter lugar para ela (If A Girl Isn't Pretty), Fanny insiste e consegue o seu primeiro emprego, onde no meio de um número desastrado chama a atenção do público e depois encanta a solo, garantindo assim o seu lugar na companhia.
Essa é também a noite em que conhece Nick Arnstein (Omar Sharif), um bem vestido e charmoso cavalheiro que a vai cumprimentar depois do espectáculo. Mais uma vez, o patinho feio sabe que só pode ser cisne através do humor e é assim que o encanta quando este a convida para jantar:
- "Eu posso esperar enquanto te mudas."
- "Eu teria que mudar muito, ninguém conseguiria esperar tanto."


Meses depois consegue o almejado lugar nas "Ziegfeld Follies" e na noite de estreia desafia a autoridade do realizador alterando subtilmente o seu número e usando o humor para que riam "com ela" e não "dela", como explica a Florenz Ziegfeld depois de "His Love Makes Me Beautiful".
Encontra-se pela segunda vez com Nick Arnstein e jantam juntos no café da mãe dela, onde os amigos do bairro lhe prepararam uma festa. É no fim dessa noite que acontece um dos momentos altos do filme, com Barbra a cantar (de um modo que só ela consegue) o já clássico "People" na rua deserta, simbolicamente indicando o início da vida adulta de Fanny.

A história de Fanny fora dos palcos é uma história de decisões difíceis e solitárias, onde ela recorre à mesma força interior que demonstrou ter no início da carreira. Primeiro para não deixar escapar o amor da sua vida. Depois para manter de pé o casamento. E por fim para conseguir deixá-lo ir quando ambos reconhecem silenciosamente que apesar do amor que os une, já só causam dor um ao outro.

Emociona-me a cena da despedida, que é uma das minhas despedidas favoritas do cinema, seguida de uma arrepiante interpretação do tema "My Man". O último número musical do filme foi gravado ao vivo para mostrar todo o potencial dramático de Barbra Streisand, e mostra.

Pela miúda do nariz grande, que não é bonita mas é mais divertida que as outras, pela história de amor e pelo pedido de casamento original, pela beleza das canções na letra e na música, pelo enorme talento da protagonista como cantora e actriz, por tudo isto Funny Girl faz parte de mim, como faz tudo aquilo que nos marca.

Primeira Página 1



I Festival de Cinema e Vídeo dos Países de Língua Portuguesa
Cabo Verde. 12 a 18 de Agosto de 2005.

Estas coordenadas poderão marcar o início de uma nova etapa para as imagens em português. Reuni-las, as premiadas e não só, e fazê-las percorrer as cidades que se tratam por 'tu' e sentem 'saudade', parece ser finalmente o objectivo de Portugal. O nosso país, que alguém muito especial sonhou virar para aquilo que é seu mas poucos imaginam - um vasto património humano que partilha uma língua e diversas imagens do mundo e da vida, distribuídas por quilómetros e quilómetros de território perdido das nossas salas de cinema.

Um festival internacional que se realizará anualmente numa cidade de um dos Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa CPLP), composta por Portugal, Brasil, Angola, Moçmabique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Vale a pena andar em cima disto. Até breve.

fevereiro 14, 2005

Amor de Perdição 1



Celebração?

Iludiram-me os deuses quando me deram o filme “África Minha” (1985). Não era esta a história que tinha escolhido para mim. Mas meu tempo deu espaço ao enorme infinito do mágico continente e definiu o tom. Os acordes de um canto de violinos levaram-me ao calor único de uma noite despida, de um suor destemido. Na cena mais feminina do filme, Karen (Meryl Streep) luta com uma leoa esfomeada no escuro da noite. O sangue que escorre do pescoço da vítima é como desejo escondido de um beijo perdido. Mas meu.
Eu estou por lá, entre o capim alto e o cheiro da terra, a lua clara e a vontade de querer. Serei sempre névoa quente de uma madrugada escolhida. Eu sei, ela sabe. Que o amor não existe, que a paixão não se diz. E a paisagem escondida dentro de mim, encontrei-a no dia em que senti África. Amar África é dizer para sempre e guardar a solidão numa estrada sem fim, numa folha fresca de palmeira, num beijo molhado de marfim. Afinal, ser de alguém é apenas um empréstimo e o desafio maior é secreto. Os flamingos que por lá encontrei tinham sorrisos de mel e chamas de azul. “África Minha” é a minha sepultura de um dia, no cimo daquela colina de onde meu sol, meu leão rugiu por mim. Celebrate with champange. Like my Karen. Happy Valentine’s Day.
“I need to know how to think about this”

Música no Coração 1



Ouvir “Wicker Park”

Se calhar, não é normal que eu dê mais importância a uma boa banda sonora do que a um bom argumento. Já dei por mim muitas vezes a repetir cenas de filmes por determinadas músicas e sou daquelas que quando gosto fico até ao fim para ver o nome das músicas e apontá-las em todos os papéis que encontro na carteira (desde facturas de gasóleo a estratos de banco). Deste modo, nada me impede de escrever sobre a banda sonora que mais me marcou no ano que passou: Wicker Park .
Desde a abertura com o “Maybe Tomorrow” dos Stereophonics, onde temos a sensação de todo o vazio, até ao “The Scientist” dos Coldplay, onde aceitamos e compreendemos como é dificil a separação (aqui interpretado por Johnette Napolitano & Danny Lohner numa versão mais acústica), passando por “Flowers in December” de Mazzy Star e pelo espectacular “How to Be Dead” dos Snow Patrol.
Já disponível em DVD aluguem-no e se não gostarem do que vêem, pelo menos oiçam-no. Vale a pena.

Curiosidade:
Só pela piada e para quem viu o filme: O restaurante onde Matthew pensa ver Lisa ao telefone, chama-se "Bellucci". Mónica Belluci foi a actriz principal na versão original francesa L'Appartement em 1996.

fevereiro 12, 2005

memória?

Entendo os filmes como se livros fossem. Objectos do toque, em que nas linhas imaginárias de uma emoção mais forte, se apontam naquilo que fomos, mas que nunca soubemos dizer. Com os meus filmes também é assim. No tempo de “O Amante” (1992) de Jean-Jacques Annaud, descobria eu que o corpo era forte e que os medos eram fabricações de uma adolescência. Era o tempo de um Annaud paciente, da pele molhada pelo calor dos desejos, à procura da ponta dos dedos. E nas margens da cena em que Marguerite (Jane March) se entrega ao homem chinês (Tony Leung), escrevi que não amava a pessoa com quem descobri o prazer. Tenho anotado que essa pessoa (que nunca mais vi) esperou por mim, desesperou por mim, depois do dia em que desliguei o telefone, por não me interessar mais. Não esqueço o barulho da cidade que acompanha os ritos brancos dos amantes reinventados por Marguerite Duras, nem esqueço as horas em que descobri o corpo nu, o meu. Também Duras experimentou assim. Quantas vezes desnudou as palavras para dizer que se ama sem se sentir?

fevereiro 11, 2005

shortcut

This day
will be
the light
of my eyes,
the rain
of the silence,
the colour
of my book.
This day
will be the next
dead end.
Always the future.
The past is a killer.

post scriptum: a explicar... este é o dia em que o meu sonho de cinema passou a ser uma realidade. Mais tarde, faço o filme.

fevereiro 10, 2005

ESTREIA ESTREIA ESTREIA ESTREIA ESTREIA

... ou Première?... Assim começou a primeira discussão da última reunião d'Os Suspeitos do Costume, nos bastidores deste blog. Acábamos por preferir o português, já que o 'glamour' começa em casa. Fabrica-se.

Finalmente concluímos a fase de pré-produção e projectamos a partir deste momento os nossos argumentos e os nossos diálogos com a tela. O guião poderão consultá-lo aí do lado direito, sem ordem de entrada de actores e de cenas.

Esperamos ser um sucesso de bilheteira! Sem falsa modéstia, que essa é fita que não fazemos. Talvez a única.

Bons filmes!

fevereiro 07, 2005

Quarta-feira de cinzas

Aproxima-se sem dúvida a Quarta-feira de cinzas.
De todas as cinzas de todos os cigarros de todas as discussões de todos os filmes de todos os gostos desta fábrica.
Eu vou.

fevereiro 04, 2005

Making Off atribulado...

Sim, este blog está em fase de pré-produção. (Ninguém diria... O Mário é que se adiantou. Gajos!). Há-de ser bonito isto. Cinema de autor, portanto. Até mais ver e, já agora, podem comer pipocas enquanto esperam.

Barreira Invisível - Laurel Canyon - Allô?? Minha 1ª vez!!

Só mesmo para me desvirginar! Não me torno a apresentar!! Por isso muita atenção !

1º Post (americanisses)
1º Blog (Nome horrível! Só me lembra um filme de terror, sobre uma massa viscosa que devorava teenagers)
As restantes fundadoras prometem que me irei viciar....a ver vamos.
Aliggator: "Male", Mário, e nem de propósito...tava lá nesse Vertigo, na génese desta Fábrica.
Estreio-me com a crítica de um DVD que anda prá aí nos clubes: Laurel Canyon (Atracção Acidental)
Ora bem....tem a Kate "enfermeirazinha de Pearl Harbour" Beckinsale. Chega-vos? Não?. Tem a Frances "Fargo" McDorman, a fazer de mãe porreiraça, quarentona, t-shirt de AC/DC + jeans, um delírio. Prás moçoilas, tem o Christian "Machinist" Bale (tiro o chapéu ao puto, por carregar a cruz do próximo Batman).
Vou a meio mas estou a gostar. Um casalinho ultra-universitário, de visita à mãe dele (produtora de sucesso de musica Rock, muitos charros, muito "wild"). A marrona da Kate desvaira com um rockstar, o comportadinho do Bale perde-se por uma colega médica. No meio anda a mamã Frances, a lembrar-nos a máxima Sex, Drogs n' Rock n' Roll. Citando http://www.c7nema.net/site/html/modules.php?name=News&file=article&sid=1817, "Frances MacDormand é sem dúvida o elo mais forte deste enredo, estando Bale, Beckinsale, Nivola e McElhone num plano muito elevado de interpretação.Há filmes assim. Pequenos (orçamento), astutos(NO casting) e que dão muito que pensar (argumento)...".
E mais não digo! Vou acabar de ver o filme. Mas tem o meu aval. Ó Santiago! Ó Brazuca! TOU AQUI!


Quartas-feiras há reunião de redacção

Meus queridos amigos da Fábrica Lumière, sei que devem estar um bocado atordoados, por isso nada melhor que escrevermos o guião em conjunto no mítico "Vertigo".


Quarta-feira não é terça nem quinta, parece-me por isso um bom dia para a nossa reunião semanal! O que acham? Temos muita coisa para definir, a começar pelo elenco...


PS1: Não se preocupem com a visibilidade que estamos já a dar ao nosso blog (apenas alinhavado).Isto é o que se chama o 'Making Off"... Ou cenas cortadas.


PS2: Já agora façam favor de ir ver as vossas caixas de correio, e adicionem-se ok?

Pré-Produção

Este blog está em fase de pré-produção. As ideias são tantas que a montagem está a ser complicada! Temos de transformar a versão longa em versão comercial, senão isto vira uma seca maior que "Danças com Lobos"... Sem ofensa. Até lá boas fitas!